Início Economia Cesta básica: conjunto de produtos fica R$ 34,44 mais caro

Cesta básica: conjunto de produtos fica R$ 34,44 mais caro

Valor passou de R$ 579,76 para R$ 614,20, resultado do aumento da carne bovina, da batata inglesa e do tomate

Luísa Ziemann
Maior vilão da elevação registrada no último mês foi a carne bovina, que teve um aumento de 3,793%

Luísa Ziemann
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O custo da Cesta Básica Nacional aumentou R$ 34,44 no último mês em Santa Cruz do Sul. A elevação registrada no período de 2 de setembro a 5 deste mês foi de 5,934%, fazendo com que o conjunto de 13 produtos passasse de R$ 579,76 para R$ 614,20. Dos itens pesquisados, cinco apresentaram redução e oito produtos tiveram aumento de preço. Os dados são do Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).


Desta vez, os vilões que causaram essa elevação do custo da cesta básica foram, principalmente, a carne bovina, que teve um aumento de 3,793%; a batata inglesa, que subiu 1,273%; e do tomate, que ficou 1,182% mais caro no último mês. Em contrapartida, contribuíram para frear esta elevação o Leite Tipo C, que está 0,715% mais barato, e a banana, que diminuiu 0,161%. Nos últimos 12 meses, a cesta já subiu 13,38%. Somente em 2022, o aumento foi de 6,878%.
O Centro de Estudos e Pesquisas Econômicas da Unisc calcula que, com este custo da cesta básica, um trabalhador de Santa Cruz que recebeu no início deste mês um salário mínimo precisa trabalhar 111,489 horas para adquirir o conjunto de 13 produtos – 6,25 horas a mais que o necessário no mês de setembro. A partir dos gastos com alimentação é possível estimar o salário mínimo necessário para o atendimento das necessidades básicas do trabalhador e de sua família. Seguindo a mesma metodologia utilizada pelo Departamento Intersindical de Estatísca e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor do salário mínimo no município para setembro de 2022, pago no início de outubro, deveria ter sido de R$ 5.121,19 para uma família composta por dois adultos e duas crianças.


De acordo com professor e economista, Silvio Cezar Arend, a elevação da cesta básica novamente para um patamar acima de R$ 600 no município causa ainda mais dificuldades para as famílias, num contexto de elevação de outros produtos necessários também. “Assim, cada vez mais é necessário decidir quais produtos cortar das compras, quais compras adiar para outro momento, enfim, ajustar as despesas crescentes frente a um orçamento apertado”, explica.
Arend salienta que, neste sentido, a redução da inflação não é sentida pelas famílias, e acaba se tornando mais um efeito estatístico do que um efeito prático, perceptível no orçamento. “Por exemplo, a redução do preço dos combustíveis teve impacto na redução da taxa de inflação, mas somente foi sentida pela parcela da população que utiliza carro próprio em seus deslocamentos e, ainda assim, condicionada à quilometragem de uso mensal. As famílias que utilizam outros meios de transporte, como carros de aplicativo ou ônibus não sentiram essa redução de preço dos combustíveis nas tarifas, ou seja, a redução da inflação não chegou no bolso das famílias.”


O economista afirma que, com o custo da alimentação ainda em alta e pressionando o orçamento, cada vez diminui mais o saldo que pode ser utilizado para as demais despesas. “Como consequência, ou se acumulam dívidas ou se reduz o gasto em itens como vestuário, moradia, vestimenta, lazer, educação. Em qualquer alternativa, a redução da qualidade de vida é notória e o empobrecimento aumenta”, lamenta o economista.