O mercado global da cerveja é concentrado em grandes grupos. Segundo o site Cervesia, 40 grandes grupos produzem mais de 90% da cerveja consumida no mundo. Os cinco maiores grupos internacionais – AB InBEV, SAB Miller, Heineken, Carlsberg e China Resource Brewery- amealham cerca de 50% do mercado mundial. A globalização levou a uma “consolidação do mercado cervejeiro”, um nome pomposo para o processo de concentração nesses grandes grupos, mediante fusões e aquisições.
No Brasil, o quadro é similar. Somos o terceiro maior mercado cervejeiro, com produção de 12 bilhões de litros/ano, atrás apenas da China e dos Estados Unidos. O consumo brasileiro é de 60 litros por pessoa/ano. Alguns poucos grupos são os donos do campinho: a AMBEV detém quase 70% do mercado, a Schincariol 13%, a Petrópolis 9% e a Femsa 7%.
Concentração significa homogeneização. As grandes empresas criam um padrão em termos de paladar, de modo que a variação entre as grandes marcas é muito pequena. Tirando os rótulos das garrafas, mesmo consumidores habituados têm dificuldade em distinguir qual é uma e qual é outra marca.
Mas, essa homogeneização desagrada grande parte das pessoas. Há uma expectativa de coisas novas, diferentes e melhores. A melhoria das condições econômicas nos últimos anos, mais pessoas viajando, mais contato com outras regiões e países levou à percepção de que cerveja é muito mais do o que vínhamos encontrando nas prateleiras até pouco tempo. Variedade e qualidade são expectativas crescentes. Esse é o terreno das cervejas artesanais, que remetem ao futuro, mas também lembram o passado. Fazer cerveja era uma habilidade conhecida outrora em muitas famílias de descendência alemã.
As cervejas artesanais são melhores e sua variedade é extraordinária. Quem foi ao 1º Festival da Cerveja Gaúcha no ano passado, no Parque da Oktoberfest, teve a oportunidade de conhecer um pouco do que já se faz no Rio Grande do Sul. É um segmento em franco crescimento, inclusive aqui em Santa Cruz, com destaque para as microcervejarias Heilige e a Hbier, que vem se fortalecendo dia a dia, e novas iniciativas estão em fase de maturação.
Santa Cruz tem tudo para se tornar uma forte referência em cervejas artesanais. A contribuição da nossaOktoberfesté fundamental para isso. Vale olhar a vizinhança. A Oktoberfest de Blumenau tem há anos um espaço próprio para as artesanais, o Parque Vila Germânica, e as artesanais já representam 50% do consumo total.Na última edição essas cervejarias ofereceram nada menos que 35 diferentes tipos de chope e cerveja.
Esse sucesso levou a um fato novo:a cerveja oficial da Oktoberfest de Blumenau de 2015 a 2022 é a Eisenbahn, produzida por umamicrocervejariacriada em 2002 e comprada há alguns anos pelogrupo japonêsKirin (que adquiriu a Schincariol). Colocar a Eisenbahn como cerveja oficial da festa é um lance de marketing, claro, mas fica muito bem para a festa e afirma ainda mais o segmento cervejeiro regional.
Os sinais do tempo estão todos aí. Saberemos aproveitar a maré favorável?