Luciana Mandler
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Santa Cruz do Sul tem uma população de cerca de 131,365 mil habitantes e a estimativa é de que, pelo menos, 10% tenha diabetes. Porém, como esta é uma doença silenciosa, muitas pessoas ainda não descobriram a patologia. Hoje, 3.974 pessoas estão cadastradas na Rede de Atenção Básica e 926 pacientes cadastrados no Ambulatório, conforme a enfermeira Luciana Simon Fanfa, que há seis anos trabalha no Ambulatório do Idoso, Hipertenso e Diabético. Os números são considerados baixos, tendo em vista ser uma doença silenciosa como dito anteriormente.
Destes 926 pacientes, 22 têm até 18 anos; 380 de 19 a 59 anos; e 524 são maiores de 60 anos. A maioria dos pacientes (735) tem diabetes tipo 2. E a maioria também é do sexo feminino. A enfermeira Luciana reforça que por se tratar de uma doença silenciosa, em muitas pessoas a diabetes acaba se agravando. “A pessoa passa muitos anos sem sentir nada, com a glicemia em alto níveis. Quando descobre já precisa de uma hemodiálise, já perdeu a visão ou teve um membro amputado”, explica. “E todas essas consequências podem ser evitadas seguindo corretamente o tratamento”, completa.
Para refletir sobre o assunto e conscientizar sobre os problemas associados à doença, é que se criou o Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro. Em Santa Cruz do Sul, existem serviços disponíveis para diabéticos. “No Ambulatório temos uma equipe multidisciplinar (médico, nutricionista, assistente social, enfermeira, psicólogo e técnica de enfermagem) que busca a totalidade do indivíduo de uma forma humanizada e da mesma forma a Rede, que atende pacientes diabéticos através de consultas, acolhimentos, exames, monitoramentos, acompanhamentos, visitas domiciliares e orientações”, explica Luciana.
Ainda conforme a profissional, o Ambulatório possui diversos grupos de educação continuada, mas não estão sendo realizados no momento em função da pandemia de Covid-19. Em 2019 foram realizados 200 grupos, atingindo um total de 4.600 pessoas. “Os postos faziam grupos nas unidades de promoção à saúde, que englobam tanto diabéticos como pessoas das mais diversas patologias”, sublinha.
O Município também disponibiliza para pacientes com diabetes seringas, aparelho glicosímetro e fitas de HGT. “As seringas são dispensadas em toda Rede e os demais insumos somente no ambulatório”, esclarece a enfermeira Luciana. Atualmente são 516 pacientes que participam do grupo de diabetes, sendo estimado a dispensação de 869 caixas com 50 fitas por mês.
Luciana salienta que para fazer parte do Ambulatório o Município segue alguns critérios, pois o Ministério da Saúde preconiza as pessoas que devem receber. “O indivíduo deverá ser encaminhado pela Rede de Atenção Básica após esgotar todas as tentativas do tratamento, deverá ser usuário de insulina e precisar de controle rígido através de glicemia capilar”, aponta.
DURANTE PANDEMIA
Durante esses meses de pandemia os grupos não aconteceram. Os pacientes vão até o local buscar os materiais (seringas e fitas) e já fazem o controle. Os profissionais estão fazem busca ativa, classificação de risco, análise de marcação dos testes de glicemia capilar, acompanham os casos mais graves e vão em busca de quem está há mais tempo distante.
Em período normal, sem pandemia, eram cerca de 12 grupos por mês e cerca de 40 participantes em cada grupo. “Eles pegavam os materiais e participam de atividades de educação continuada”, conta Luciana.
Como descobrir a diabetes
- Urinar muitas vezes e em grande quantidade;
- Fome excessiva;
- Boca seca;
- Emagrecimento rápido;
- Fraqueza, sonolência, cansaço sem razão aparente;
- Visão embaçada;
- Feridas de difícil cicatrização;
- Impotência sexual;
Havendo algum destes indicativos sugestivos, o recomendado é passar por consulta médica para fechar diagnóstico, pois nem sempre ter algum destes citados acima significa diabetes.
Quais os tipos de diabetes
Tipo 1: doença autoimune, ou seja, acontece quando o sistema imunológico falha e passa a atacar as células do pâncreas, que produzem insulina. Ocorre em indivíduos jovens (menor de 30 anos). Normalmente precisa usar insulina diariamente, pois o pâncreas para de funcionar.
Tipo 2: aparece quando o organismo não consegue usar adequadamente a insulina que produz ou quando não produz insulina suficiente para controlar a taxa de açúcar no sangue. 90% dos casos são do tipo 2. Acontece geralmente depois dos 40 anos. O pâncreas funciona parcialmente.
Gestacional: é o estado de hiperglicemia (glicose alta), menos severo que a diabetes tipo 1 e 2, detectado pela primeira vez na gravidez. Geralmente se resolve no período pós parto e pode frequentemente retornar anos depois.
Como tratar
Dependendo do tipo e da gravidade da doença:
Tipo 1: tratado com insulina, dieta alimentar especifica para diabéticos e atividade física regular.
Tipo 2 e gestacional: dependendo da gravidade, pode ser controlado com atividade física e planejamento alimentar. Em outros casos exige o uso de medicamentos que reduzem a glicemia e em alguns casos a insulina.