Fundado em 3 de setembro de 1920, o local é mantido por um pequeno grupo de associados
Monique Rodrigues
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Ao percorrer a parte alta da Rua Marechal Deodoro, em meio a casas, prédios e clínicas, é impossível não se deparar com a antiga caixa d’água da Prefeitura de Santa Cruz do Sul. Por ser antiga, de pedras grés e imponente, os olhos se voltam para aquela construção, porém, é atrás dela que há um local que é mantido por um pequeno grupo de pessoas.
Ali está localizado o Cemitério São João Batista, local de suma importância para a cidade. Que por sinal, na data de ontem, 3 de setembro, celebrou 100 anos. Quem o visita, nem imagina o quanto de história e trabalho árduo há por trás dele.
Construído para ser o cemitério católico da cidade, tudo começou no dia 5 de janeiro de 1920, quando a arquidiocese de Porto Alegre concedeu a licença para a construção do espaço. Após alguns meses de conversas e acertos, no dia 3 de setembro, de 1920, o Intendente Municipal Guilherme Bartholomay, autorizou o local para a construção do cemitério.
Localizado na esquina das ruas Capitão Jorge Frantz e Thomaz Flores, inicialmente se chamava Cemitério São Miguel das Almas. O primeiro sepultamento aconteceu em 1921. E apenas no ano de 1969, quando houve a fundação da Associação Beneficente Cemitério São João Batista, que a administração e o nome mudaram. Fundado inicialmente para ser um cemitério católico, hoje em dia já não é mais e pessoas de qualquer religião podem ser sepultadas lá.
De acordo com Rudolfo Pedro Etges, presidente da Associação Beneficente Cemitério São João Batista, há de 7 a 8 mil pessoas sepultadas, sendo que há 2.560 sepulturas e 296 gavetas. Rudolfo, mais conhecido como Rudi, faz parte da administração desde 1969 e comenta que sempre houve muito trabalho, mas que ele e os associados fazem com muito carinho. “Logo que entrei na administração, a primeira coisa que fiz foi construir os muros do cemitério”.
Rudi ainda ressalta que não há uma procura para manter a tradição da associação e que hoje em dia há apenas nove pessoas que compõem a diretoria. “Até uns anos atrás éramos 11 pessoas, infelizmente dois morreram. Somos nove pessoas na administração e infelizmente não há novas pessoas que queiram fazer parte”.
Questionado sobre a continuidade de seu trabalho, Rudi ressalta que adoraria ter um substituto futuramente. “Eu gostaria de ter um substituto para dar continuidade neste trabalho, mas é difícil encontrar pessoas que tenham interesse em realizar esta tarefa. Deveria haver uma conscientização sobre a importância de manter essa tradição. É um trabalho voluntário e muitas pessoas não querem assumir, já que não há remuneração, uma pena”.
Para o sustento do local centenário, como água, luz e zelador é cobrada uma taxa anual de R$ 60 de parentes de pessoas sepultadas lá.