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Celebrações | Significado das festividades nas religiões

Carnaval, Quaresma e Semana Santa têm representatividade de forma diferente

Luana Ferraz Cardoso – [email protected]

O ano é repleto de festividades, entre elas as principais são o período de Carnaval, Quaresma e a Páscoa, todas acontecem no primeiro semestre. Para cada religião essas datas possuem uma representatividade. Em entrevista ao Riovale Jornal abordaremos o significado nas religiões Evangélica, Umbanda e Católica.

O Carnaval se originou do termo Latim “Carnis levale”, que significa “retirar a carne”. Isso se dá pelo fato dessa data ser um período para as pessoas extravessarem seus desejos antes de iniciarem a Quaresma. O Carnaval representa o momento de preparação para que os prazeres carnais fossem retirados.

Acredita-se que a Grécia tenha sido o primeiro lugar do mundo a criar uma tradição carnavalesca. O Brasil é um país com uma cultura vasta e repleta de costumes e tradições. Apesar de ser uma festa que engloba diversas culturas e todos os tipos de pessoas, o Carnaval é uma festa tradicionalmente ligada ao catolicismo, uma vez que sua celebração antecede a Quaresma.

A Quaresma é o período de preparação para a Pascoa. Mais conhecido por serem 40 dias que antecedem a essa data. Os cristãos relembram dias que Jesus Cristo passou no deserto. É um momento voltado para reflexões e serviços religiosos como orações, caridade e abstinência de carne.

A Páscoa é uma das festividades mais importantes para o cristianismo, pois representa a ressurreição de Jesus Cristo, filho de Deus. A data é comemorada anualmente no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre no início da primavera (no Hemisfério Norte) e do outono (no Hemisfério Sul), depois da Quaresma.

EVANGÉLICA – O pastor Edemar Drews da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB), comentou a respeito dessas datas comemorativas. “O Carnaval não é de origem religiosa (cristã) como a Quaresma e a Semana Santa. Pelo que remonta na história, surgiu no império Romano. É uma festa ligada aos ritos primitivos da fertilidade e as orgias romanas dedicadas ao deus Baco (Deus do vinho e da fertilidade). Logo após a terça-feira de Carnaval vem a Quarta-feira de Cinzas, que abre a Quaresma, os quarenta dias de penitência. Quando a Igreja se tornou oficial no Império Romano, ela passou a ditar as regras, uma delas, era a obrigatoriedade do jejum no período da Quaresma. A reação natural a essa imposição foi de aproveitar ao máximo tudo o que se “tinha direito” antes que começasse o período de privações. O Carnaval se desenvolveu até chegar naquilo que hoje se vê. Ele não tem apenas uma origem pagã, ele tem um espírito pagão. São dias de satisfazer os prazeres da carne, da liberação de princípios. Já a Semana Santa é a última semana de Quaresma, que serve para preparar os cristãos para a celebração da data mais importante do seu calendário que é a Páscoa. Na verdade, toda a Quaresma serve para essa preparação.

Pastor Edemar Drews, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB)
FOTOS: DIVULGAÇÃO/RJ

Nos faz refletir sobre o todo o terrível sofrimento e a consequente morte de Cristo em nosso lugar e em nosso favor. A Semana Santa reveste-se de especial importância, pois foi nessa última semana de vida de Jesus que aconteceram muitos dos principais eventos de sua missão redentora. O jejum proposto na Quaresma, na Sexta-feira Santa é ainda mais observado quando se evita comer carne vermelha, por exemplo; optando pelo peixe.

Não celebramos o Carnaval. Pelo contrário… incentivamos e orientamos aos fiéis que evitem aquilo que o Carnaval propõe, especialmente com relação às infidelidades sexuais. O que muitas congregações fazem, é promover retiros ou acampamentos exatamente com o objetivo de evitar essas festas mundanas. Já a Quaresma e especialmente a Semana Santa, que são períodos e datas litúrgicas, isto é, datas tipicamente religiosas cristãs, daí sim a Igreja celebra e comemora. O jejum e todo esse tempo de reflexão e privação que a Quaresma traz, serve para nos fazer pensar nos sofrimentos que Jesus suportou por nós. Se tudo isso aconteceu, foi por culpa nossa, por causa dos nossos pecados”.

UMBANDA – “Nós acreditamos que nos quarenta dias de Quaresma, nossos espíritos de luz, Caboclos, saem para lutar contra os espíritos ruins. Para que não sejamos atacados por esses espíritos malignos. Na Sexta-feira Santa, nós umbandistas, temos nossa reclusão, onde nos encontramos na Quinta-feira Santa, em oração, e buscamos através das ervas, infusões, para que possamos buscar a cura de algum alento físico, através dos Pretos e das Pretas Velhas. Nosso objetivo é buscar a cura física, ou anomalias. Por isso, na Quinta-feira, ficamos reclusos, preparamos nossas ervas para na Sexta-feira Santa, buscarmos essa cura. Já na Páscoa, fazemos oferendas às 10h da manhã, para chamar os Caboclos de volta das batalhas que foram combater por nós”.

Babalorixá Pai Antônio de Ogum, do Templo de Umbanda Pai Ogum Beira-Mar e Mãe Oxum

CATÓLICA – “Muitos pensam que o Carnaval é uma festa da Igreja. Não é! Ao que se sabe ela tem sua origem na Idade Média, com costumes provenientes dos antigos povos pagãos. Historiadores afirmam que o carnaval surge para extravasar em função do período da Quaresma, que para os cristãos é um período de penitência. A Quaresma sim é um tempo de preparação para a Páscoa: paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A prática cristã nos convida a marcar esses quarenta dias da Quaresma com mais oração, jejum e caridade. Para ajudar no exercício da caridade, no Brasil é feito uma campanha para sermos mais irmãos, é a Campanha da Fraternidade. A quaresma culmina com a Semana Santa. A semana mais importante do ano litúrgico da Igreja, cujo centro é o tríduo pascal, que recorda os acontecimentos centrais da fé cristã: a entrega de Jesus na cruz pela nossa salvação. Na quaresma somos chamados à conversão, a mudança de vida, a transformação interior, a práticas que nos levem a fazer o bem. “Voltar para Deus” esse é convite do período quaresmal. É a nossa condição neste mundo, aqui somos passageiros e precisamos buscar a Deus que nunca passa. As cinzas recordam a nossa condição passageira neste mundo, por isso precisamos nos converter e crer no Evangelho”.

Padre Rodrigo Hillesheim, pároco da Catedral São João Batista