Tiago Mairo Garcia
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A crise causada pela pandemia de coronavírus tem exposto um grave problema que começa a gerar preocupação para as autoridades de segurança. Conforme os indicadores de criminalidade relativos ao mês de março, que foram divulgados ontem, 8, pela Secretária Estadual de Segurança Pública, dos 497 municípios gaúchos, Santa Cruz do Sul vem apresentando um aumento crescente nos casos registrados de estelionato nos primeiros três meses de 2021.
Até o momento foram 268 registrados no Município, sendo 84 registros em janeiro, 93 em fevereiro e 91 em março. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento é considerável, pois foram registrados 89 casos de estelionato, sendo 32 em janeiro, 24 em fevereiro e 33 em março de 2020. O comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar, Giovani Paim Moresco, destaca que são inúmeros casos relacionados com a situação de crise gerada pela pandemia. “Devido às pessoas estarem se restringindo, aumentou os casos de transações virtuais com uso de aplicativos e redes sociais, o que acabou fomentando possibilidades de negócios on-line falsos e de golpes que se acentuaram nesse período”, frisou.
Além dos casos de estelionato, os índices de criminalidade de Santa Cruz em 2021 também apontam para 171 furtos, dois abigeatos, 17 furtos de veículos, 22 roubos, dois roubos de veículos, 16 armas apreendidas, 23 apreensões de entorpecentes, 40 prisões por tráfico, uma vítima de latrocínio com lesão corporal, cinco casos de homicídio consumados e nenhum latrocínio consumado nos primeiros três meses do ano.
Ao avaliar os demais dados, Moresco ressalta que houve uma diminuição considerável nos demais índices. “Tivemos queda nos roubos, roubos a pedestre, de estabelecimentos comerciais, que se reduziram devido ao número de pessoas diminuir nas ruas. Tivemos que mudar nossas estratégias de abordagem preventiva e repreensiva para este leque de delitos específicos”, frisou.
Nas apreensões de entorpecentes, o comandante destaca o trabalho realizado pela Força Tática. “Mudamos nosso viés operacional para combater o tráfico de entorpecentes, que acabou se utilizando de outros processos. Houve a necessidade de nós aprimorarmos nossas ferramentas, e temos obtido resultados”.
Sobre os homicídios, o comandante destaca que é um caso à parte, sendo difícil de ser prevenido. “A sua origem vem de ações do tráfico de entorpecentes, desavenças ou fatores passionais. É tratado de forma diferenciada e estamos trabalhando para prevenir e evitar que novos casos aconteçam”, finalizou.
REDUÇÃO NOS FEMINICÍDIOS
Em âmbito estadual, os indicadores de criminalidade apontam para uma redução de 77% dos casos de feminicídio, que teve 13 casos em março de 2020 e passou para três casos em março de 2021, em todo o Estado, sendo o menor total em toda a série histórica de contabilização iniciada em 2012. O resultado é fruto de um conjunto de ações adotadas no âmbito do programa “RS Seguro” e intensificadas no mês em que se celebra do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março. Na data, a Polícia Civil inaugurou nove Salas das Margaridas e, no dia 24, outras oito foram abertas. Com isso, chegou a 40 o total de espaços de recepção especializada no atendimento de mulheres nas Delegacias de Polícia de Pronto Atendimento (DPPAs) do Estado.
No âmbito da mesma legislação, pela Brigada Militar, houve ampliação em 143% nas Patrulhas Maria da Penha nos últimos dois anos. Ao final de 2018, o número de municípios atendidos pelas guarnições especializadas, que realizam visitas periódicas a vítimas amparadas por Medidas Protetivas de Urgência (MPU), era de 46. Hoje, as PMPs já estão presentes em 112 municípios de todas as regiões do RS. (Com informações da Secretaria Estadual de Segurança Pública)