O Ministério Público do Rio Grande do Sul realizou uma entrevista coletiva nessa quarta-feira, 17 de novembro, para falar sobre a estratégia de atuação no julgamento dos quatro réus que vão a júri por conta da tragédia na Boate Kiss, em 2013. Participaram o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Júlio César de Melo, e os dois promotores que atuarão em plenário: David Medina da Silva e Lúcia Helena de Lima Callegari. Também esteve presente na sede do MPRS, em Porto Alegre, o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), Flávio Silva.
O subprocurador-geral de Justiça abriu a coletiva reafirmando as posições do MPRS sobre os culpados pela tragédia que matou 242 pessoas e deixou 636 sobreviventes – vítimas de tentativa de homicídio – e enfatizou o espírito de equipe. “Os promotores que atuarão nesse importante julgamento, além de terem o respaldo da instituição, estão recebendo todo o apoio operacional necessário para o trabalho em plenário, tendo aqui a atenção prioritária da Subprocuradoria para Assuntos Institucionais, do nosso Centro de Apoio Operacional Criminal, da nossa Procuradoria de Recursos, da nossa área de Comunicação e da nossa área de Informática”, salientou Júlio Melo.
Em seguida, o subprocurador-geral reforçou que o MP está mobilizado para assegurar que o julgamento de fato comece em 1º de dezembro. “Estamos adotando todas as medidas, tomando todas as cautelas para que seja realizado na data agendada. Também estamos atentos a qualquer manobra processual que tente adiar, suspender ou mesmo cindir esse julgamento”, pontuou.
A promotora Lúcia Helena de Lima Callegari disse que irá pedir, além da condenação, que os quatro réus saiam do julgamento presos. “Quando eles (réus) se colocam como vítimas, isso nos traz uma dor maior ainda. Quando eu ouço aqueles que cometeram esses crimes escreverem e dizerem ‘nós somos as vítimas’ eu penso na dor de cada pai, na dor de cada vítima e digo: ‘estou imbuída de um sentimento de justiça’. O Ministério Público não espera apenas a condenação, mas que os quatro réus saiam do julgamento presos”.
David Medina da Silva lembrou da importância desse júri, para ele um dos mais simbólicos do país, e destacou a tese de homicídio doloso cometido pelos quatro réus, defendida desde o início do processo pelo Ministério Público. “Nós temos certeza de algo que é emblemático nesse processo. Que os quatro réus cometeram homicídio doloso, ou seja, intencional”, disse.
Por fim, sublinhou que não foi falha nem foi culpa. “Foi dolo das pessoas encarregadas de cuidar de quem estava lá dentro. Temos quatro assassinos”.
Antes de abrir a coletiva para perguntas dos jornalistas, Lúcia chamou a professora da Universidade Federal de Santa Maria Virginia Susana Vecchioli para apresentar um programa que recriou a Boate Kiss. O material, que será utilizado em plenário, colocará os jurados dentro da casa noturna, possibilitando-os viver aquele ambiente pré-tragédia.
MPRS acompanha segundo dos três sorteios que definirão nome dos jurados
O Ministério Público do Rio Grande do Sul acompanhou, nesta quarta-feira, 17 de novembro, o segundo dos três sorteios previstos para definir os sete jurados do caso Kiss. O julgamento ocorrerá em 1º de dezembro no Foro Central de Porto Alegre. No primeiro sorteio, realizado em 3 de novembro, foram retirados de uma urna 150 nomes. No sorteio desta quarta, outros 88 nomes foram selecionados para suprir as dispensas. O terceiro e último sorteio está marcado para 24 de novembro. Representando o MPRS, compareceram o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Júlio César de Melo, e os dois promotores que atuarão em plenário: David Medina da Silva e Lúcia Helena de Lima Callegari.