Luciana Mandler
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Na noite dessa quarta-feira, 21, a Associação de Entidades Empresariais de Santa Cruz do Sul (Assemp) promoveu um encontro com os sete candidatos a prefeito de Santa Cruz do Sul. Cada candidato (a) recebeu um documento de demandas elaborados pelas 17 entidades que integram a associação, com as principais reivindicações e sugestões do meio empresarial, nas áreas de gestão pública, empreendedorismo, educação, saúde pública, segurança pública, infraestrutura, cadeia produtiva do tabaco e cidades inteligentes.
Inicialmente, o presidente em exercício da entidade, Eduardo Kroth, deu as boas-vindas a todos e apresentou um breve histórico sobre a Assemp. Também pediu aos candidatos que representassem a cidade no âmbito estadual e federal, com assuntos que são relevantes, a exemplo da duplicação da RSC-287, bem como na importância à cadeia produtiva do tabaco, focando na tributação e combate ao contrabando.
Após a explanação de Kroth, cada candidato teve três minutos para se apresentar e, na sequência, responder a pergunta: Como pretende envolver os vários segmentos da comunidade na definição das políticas públicas no Município durante seu mandato? A ordem das apresentações ocorreu por sorteio (confira as respostas no box). Dos sete candidatos, apenas Irton Marx não se fez presente.
Dando continuidade ao encontro, 12 perguntas foram separadas em dois potes com seis questões e cada candidato teve o tempo de dois minutos para se pronunciar. O sorteio e as perguntas foram feitas pelo jornalista e mestre de cerimônias Sandro Viana. Por fim, os candidatos tiveram um minuto para as considerações finais.
Como pretende envolver os vários segmentos da comunidade na definição das políticas públicas no Município durante seu mandato?
Helena Hermany: Quero muito contar com a parceria de todos empresários, de todos os segmentos. Já recebi, inclusive, uma proposta de fazer um Conselho Voluntário para o Desenvolvimento de Santa Cruz. Pessoas que não se integram diretamente na política partidária, mas que querem o bem do nosso Município e se dispuseram a trabalhar juntos, dar opiniões e, acredito que é muito importante aproveitarmos o saberes. Temos muitas pessoas e entidades capacitadas e que podem contribuir e muito para Santa Cruz.
Frederico de Barros: Em nosso plano de governo contemplamos diferentes áreas e nós construímos ele através de muito diálogo com a comunidade. A juventude foi ouvida, as mulheres, os negros, os trabalhadores e, dessa maneira construímos um plano amplo, democrático e com muita participação popular. Trago como um dos grandes eixos, o Orçamento Participativo, onde vamos selecionar, em diferentes áreas e regiões e, desta maneira vamos cumprir com diálogo nas associações de bairros, sindicatos, entidades sociais e entidades empresarias. Assim, cada um será ouvido e veremos o que é necessidade para Santa Cruz do Sul. Por fim, queremos contar com todos para construir uma cidade inclusiva, justa, democrática e que tenha oportunidade para todos.
Jaqueline Marques: Acredito que a administração pública tem que ser uma ponte para a iniciativa das entidades e a necessidade da nossa comunidade. A administração tem que fomentar, fazer essa ligação para atender melhor a comunidade e de forma mais ágil. Queremos reforçar as parcerias, inclusive com Assemp. E dentro das propostas trabalhar vários pilares como educação, saúde, economia e gestão eficiente. Gestão eficiente se quisermos investir nas mais diversas áreas de Santa Cruz do Sul.
Mathias Bertram: Vamos fazer grandes parcerias com a Assemp e todas demais entidades, com universidades. Vamos ter diálogo novamente e fazer um governo voltado a pessoas. Vamos criar um Comitê Gestor, que dialoga com as formas vivas do Município e decide assuntos importantes. Pós-pandemia, através de parcerias vamos implementar um distrito industrial e um berçário industrial e também de alimentação. Vamos cuidar cada centavo, pois sabemos que os recursos são poucos e vamos investir no lugar certo.
Carlos Eurico Pereira: Somos um Município rico, que tem muitos recursos, mas os investimentos são errados. Precisamos usar inteligência estratégica e nossas principais medidas visam a desburocratização da máquina pública municipal, a simplificação de tributos, alvarás de compromisso em 72 horas, pois quem produz precisa de velocidade.
Alex Knak: Sempre trabalhei de forma compartilhada, ouvindo as pessoas e entidades, porque boas ideias vêm das pessoas, das comunidades e o poder público não pode ser diferente. Queremos trabalhar de portas abertas. Desta forma, queremos trabalhar com determinação, foco, atitude para que possamos fazer políticas públicas voltadas para a comunidade santa-cruzense.
Irton Marx: não esteve presente no evento.
Confira as 12 perguntas feitas aos candidatos a prefeito:
- Investimentos: Quais serão suas prioridades de investimentos nestes quatro anos e de onde virão os recursos?
Mathias Bertram: Investimentos, o Município precisa fazer com recursos próprios e para isso vamos reduzir a máquina pública para tornar viável. Temos a folha de pagamento, no entanto, é preciso fazer mais com menos. Os trabalhadores vão trabalhar melhor, pois vamos qualifica-los. Para investimentos temos muitas portas abertas em Brasília, através de emendas parlamentares, assim como temos portas abertas no Governo do Estado, com isso, vamos trazer para as prioridades do Município. Nossos bairros estão abandonados, precisamos fazer investimentos nos bairros, como obras de calçamentos, algumas creches, postos de saúde. Precisamos fazer algumas coisas no Centro, algumas coisas precisam ser feitas no Parque da Oktoberfest. As praças do Município precisam ser melhoradas. Vamos trabalhar com o Vale Cervejeiro, que é um dos nossos grandes projetos. Vamos trazer os cervejeiros para dentro deste local, no estilo do Vale dos Vinhedos. Com excelentes cervejeiros vamos fomentar e sermos uma referência.
- Educação: Qual será sua política para a melhoria da educação municipal no nosso Município?
Helena Hermany: Em primeiro lugar, já de outras campanhas foi colocada como meta zerar a falta de vagas nas creches. Com as novas creches que conseguimos recursos em Brasília, vão ser ofertadas 400 vagas. Queremos fazer uma EMEI central para as pessoas que trabalham no Centro, para que possam com mais facilidade trazer seus filhos, ter um horário compatível e depois levar de volta para casa. Outra meta grande e faz diferença grande para empresários é cuidar do social. Quando os filhos estão bem cuidados, os trabalhadores têm tranquilidade, produzem mais. Queremos cuidar disso para que as famílias tenham tranquilidade para trabalhar ao deixar os filhos no turno inverso ao da aula, é uma grande vitória para as escolas ter atividades no turno inverso. Na área da educação, além de valorizar os professores e qualifica-los, que as empresas tenham estrutura, tenham equipamentos, computadores adequados e tecnologia.
- Saúde Pública: Qual será a sua política para melhoria da saúde do nosso Município?
Jaqueline Marques: A saúde pública já vem num patamar de excelência comparado a vários municípios, não só do Estado mas do Brasil. Porém, para isso precisamos continuar investindo o percentual que essa administração vem aplicando, que é cerca de 23% dos recursos, sendo que a constituição prevê 15%. Neste sentido, vamos garantir manter essa qualidade e obviamente melhorar o que for preciso. Entregamos recentemente o novo CEMAI, que após 20 anos foi totalmente revitalizado, foi transformado em um hospital infantil materno, com equipamentos diferenciados, de ponta e isso faz toda diferença. Tem disponível um atendimento de excelência, tem um raio X, o que antes precisava se deslocar até o hospital. Queremos construir neste mesmo padrão do CEMAI, um Centro de Referência ao Idoso. É importante termos um espaço para atender os idosos. Estaremos trabalhando prevenção e saúde. Vamos instalar um posto de saúde no Bairro Várzea, desburocratizaremos a saúde pública como forma de agilizar os atendimentos e reduzir assim as listas de esperar e atender a falta de profissionais nos postos de saúde. Com esses investimentos vamos conseguir.
- Retomada da área do Daer. Qual será sua ação em relação a este tema?
Carlos Eurico Pereira: Não só a área do Daer, tem outras áreas que pertencem ao Estado e que podem ser passíveis de conversa. Precisamos alguém que faça networking, que converse, que tenha livre acesso as pessoas e é assim que pretendemos conversar, negociar a troca da área do Daer, já que tem pouca gente trabalhando, podendo levar para outra área ociosa do Município, já que Município tem vários imóveis que não estão sendo utilizados para que possamos dar destino melhor para aquela área, até espaços para turismo. A Assemp está providenciando o Centro de Eventos. Assim, podemos entrar no mapa do turismo coorporativo, atrair grandes eventos, congressos, mas para isso precisamos mais de espaços públicos para que possam servir aos santa-cruzenses e utilizem de maneira melhor esses espaços. Quem sabe futuramente não teremos uma aceleradora de startup.
- Gestão Pública: Qual será a estrutura administrativa do nosso Município em sua região:
Alex Knak: O que vem faltando é gestão pública. Não podemos aceitar a calçada no Acesso Grasel, onde circulam 10 pessoas por dia, levar cinco anos para ser executado. Enquanto lá no bairro Pedreira, circularam 400 pessoas por dia e não tem calçada, onde o trabalhador, estudante, as crianças circulam em meio a rua. Temos um grande exemplo, o viaduto Fritz e Frida que em três anos e meio foi feito. Então um breve comparativo de que as coisas precisam ser mais eficientes. Não podemos aceitar uma obra do calçadão depois de um fechamento do comercio, uma obra praticamente paralisada, sem plano de ação, sem projeto e sem execução. Prejudica ainda mais a classe empresarial e nosso comércio local. Nós queremos fazer uma gestão eficiente, para isso precisamos colocar pessoas técnicas, qualificadas para fazer trabalho de excelência junto com servidores. Vamos reduzir duas secretarias, vamos colocar CCs qualificados, pois tem projeto de lei que tem que colocar currículo dos CCs. Queremos fazer uma gestão transparente.
- Servidores Públicos: temos aproximadamente 3,5 mil em nosso Município. Qual a sua política em relação a ampliação ou redução deste quadro efetivo:
Frederico de Barros: Santa Cruz cresce todos os dias e exige cuidados diários, tanto na saúde, educação e mesmo que esse número pareça expressivo e alto, quando passamos nos bairros, nos interiores, vemos que estes serviços não chegaram até essas pessoas. As pessoas queixam que faltam muitas coisas ainda. Por tanto, nosso plano de governo é que o serviço público seja cada vez melhor para que possa atender o cidadão e todos ganhem. A prefeitura é como uma engrenagem, se tirar muitas pessoas não vai funcionar depois, então de nada adianta reduzir esse número e depois os serviços não funcionarem. Então o intuito é valorizar e fazer com que seja ainda melhor em Santa Cruz do Sul
- Diversificação Econômica: Como o agronegócio pode contribuir em nossa diversificação econômica?
Alex Knak: Paralisamos o Brasil e agro carregou o Brasil nas costas. Queremos unir e discutir planos de ação com Emater e entidades ligadas ao setor e que podem contemplar de verdade com a diversificação. Não adianta incentivarmos o produtor se não dermos o direcionamento. Tive a oportunidade de visitar a Coopersanta, onde 70% dos produtos vêm de fora do Município. Está na hora de fazer gestão voltada para o produtor local. Que nossa granja volte a incentivar o nosso produtor.
- Transporte Público: Qual será sua política em relação ao transporte público no nosso Município, considerando também a questão de custo ao usuário?
Frederico de Barros: O custo é muito alto, de fato. Houve um aumento de 97% nos últimos oito anos, portanto foi de R$ 2,25 até R$ 4,45. Se não houver esforço do poder púbico de haver um transporte público de qualidade, cada vez mais as pessoas vão utilizar meios individuais, assim o trabalhador será muito prejudicado. Vamos pensar também em criar linhas, pois às vezes passa só uma linha no dia e tem que escolher em sair muito cedo e voltar muito tarde, é preciso ter essa flexibilidade para atender o maior número de pessoas. Vamos nos comprometer em ter transporte público de qualidade, que não seja preço abusivo e acessível a todos. Também discutimos de subsidiar um passe livre aos estudantes.
- Diversificação Econômica: como o turismo pode contribuir em nossa diversificação econômica?
Mathias Bertram: Pode contribuir e muito. E precisa ser trabalho de forma integrada. Trazer entidade para diálogo para fomentar o turismo na cidade. Já atendo turistas no meu negócio. Através do Vale Cervejeiro, em parceria com a Assemp faremos grandes eventos. Autódromo e Parque de Eventos revitalizados. Trabalhar o turismo que é uma alternativa para Santa Cruz. Rotas turísticas do nosso interior. Trazer infraestrutura e junto com parcerias faremos grande trabalho, mas precisamos de pessoas técnicas para fazer com que a coisa aconteça. O Conselho Municipal de Turismo será reativado e ouvido.
- Cidades Inteligentes: o conceito cidades inteligentes é bastante abrangente. Qual é o seu plano para que possamos desenvolver e implementar de forma eficiente ações em torno desse conceito?
Carlos Eurico Pereira: Falar de cidades inteligentes hoje, não é estarmos falando só de tecnologia. No mundo de hoje, usamos muito mais as coisas que possuímos, então falar de cidade inteligente significa possibilitar que as pessoas utilizem mais sua cidade, utilizem o potencial, utilizem o próprio transporte, utilizem as praças. Cidade inteligente significa o uso inteligente e sustentável dos nossos recursos, oferecendo serviços de qualidade para as pessoas e aí entra a tecnologia. A tecnologia é grande ferramenta, temos potencial enorme para usar a quíntupla hélice, temos a universidade, outros polos educacionais, várias entidades, temos empreendedores, empresários, precisamos sim usar estratégias, inteligência, olhar os números, utilizar a análise desses dados para podermos utilizar os recursos da melhor forma possível. Por exemplo, quando falamos em transporte púbico, podemos usar dispositivos para saber quantas pessoas estão usando ônibus, qual horário, quais rotas, usar dispositivos para entender as ferramentas que mais usam no dia a dia, tem que estar na palma da mão e nossa cidade tem que estar na palma da mão do cidadão.
- Meio Ambiente. Saneamento. Qual será sua política para meio ambiente em nosso Município?
Jaqueline: Importante ressaltar o que foi feito em meio ambiente e saneamento neste governo. Há um diferencial, porque nenhum governo anterior fez tanto quando esse governo, Tivemos a revisão do Plano Diretor, que foi extremamente importante, ampliamos possibilidade de dobrar o Cinturão Verde, que é um patrimônio para Santa Cruz do Sul, criamos os corredores ambientais, criamos o anel de proteção do Parque da Gruta, criamos zonas especiais de proteção, fizemos um plano de resíduos sólidos e assinamos contrato com a Corsan, que obriga a Corsan a investir mais de R$ 300 milhões em saneamento no Município, como também a criação de ETAs. No próximo mês ser entregue um reservatório, com capacidade de mais de 5 milhões de litros para abastecer a Zona Sul e assim evitar a falta de água. Também terão mais dois reservatórios desse mesmo porte, previstos nestes investimentos e óbvio que devemos fiscalizar, cobrar e multar. E através das multas feitas para Corsan, criamos o Projeto HidroVida, que atende comunidades carentes do interior que não tinham água e hoje estão recebendo água canalizada, através do projeto.
- Diversificação Econômica: Quais serão suas prioridades para buscar uma diversificação econômica?
Helena: Começando a dar mais visibilidade para o Banco do Povo, incrementar e ampliar a atuação do Banco do Povo para que realmente ele possa atender os pequenos e micro empresários e assim possa fazer com que as pessoas tenham condições de buscar ali um pequeno empréstimo para tocar sua vida. Ainda mais neste tempo pós-pandemia, onde sabemos que muitos perderam seus empregos e vão precisar partir para este tipo de atitude. O que nós precisamos também é capacitar mais do que nunca para que as pessoas possam trocar de profissão, melhorar de emprego. A capacitação não pode ser uma capacitação só por capacitar. Tem que se reunir os RHs, tem que se fazer uma pesquisa, ver o que falta no mercado de trabalho, quais são as oportunidades que o mercado oferece, pois é frustrante capacitar uma pessoa, ela ter o diploma e depois não conseguir ser inserida no mercado. Também para grandes empresas, fumageiras, precisamos olhar com atenção para nosso aeroporto, fazer algumas adequações para que ele possa suprir as demandas e necessidades dos nossos empresários.