Depois de um período afastado aqui da coluna e no qual fui magnificamente substituído pelo Ricardo Bastos por causa do trabalho em campanhas eleitorais aqui em Santa Cruz e em Candelária, estou de volta para conversar com vocês.
É sempre bom estar em contato direto com as leitoras e os leitores.
Vou tentar levar adiante, salvo algum acontecimento que me obrigue a mudar o rumo, como aconteceu na semana anterior, as histórias vividas nestas últimas eleições, os bastidores, as expectativas, os acertos, os equívocos e resultados.
Ao chegar em Candelária no início de agosto, o clima era tenso. Durante o ano passado, houve mudanças de partidos e o cenário estava totalmente virado. Em 2016 trabalhei com o PSB em uma coligação com vários partidos. Desta vez, resultado do êxito anterior, fui contratado novamente. Além de serem só dois partidos coligados na majoritária, as decisões mudavam constantemente. Até acertar quem seriam os candidatos, muitas histórias foram contadas.
Definidos os candidatos, as primeiras pesquisas internas realizadas davam conta que a adversária direta entre as quatro candidaturas que se formariam estava sete pontos na frente. A partir daí, com o vice definido, começou uma escalada de ataque, que fez entrar em campo o advogado contratado começando por retirar uma página que promoveu uma série intermitente de ações duvidosas, inclusive uma enquete com o intuito claro de promover a chapa adversária. Enquetes foram proibidas nesta campanha por determinação do TSE.
Com a página fora, o equilíbrio parecia ter sido retomado. A trégua durou pouco. Passadas duas semanas, houve uma reversão e a candidatura do 40 começou a subir. A “guerra” nos bastidores não deu trégua.
Enquanto os candidatos gravavam programas de rádios propositivos e vídeos mostrando a trajetória deles, brincadeiras e lembranças alusivas a datas importantes, por detrás da cortina as farpas começaram a se intensificar. A militância, inflamada, tanto de um como do outro lado, divertia-se com humor e ódio. Nada que já não houvéssemos passado em 2018, quando os filhos do presidente Bolsonaro fizeram uso aqui das táticas de Trump nos EUA.
Nesse meio tempo, recebi informação de um processo no qual o candidato a vice na chapa da adversária teria sido condenado por compra de votos. A pena foi branda (apenas uma multa de R$ 5 mil em 2010) mas o fato é muito grave.
Em uma reunião, consegui o contato com o advogado que atuou na acusação do candidato. Ele descreveu tudo o que havia acontecido. O advogado da coligação para a qual trabalhávamos entrou com um pedido de desarquivamento e ficamos com uma carta na manga para utilizarmos quando fosse necessário e se necessário.
Como a campanha não deu descanso um só dia, chegava nos finais de semana e sempre tinha uma surpresa. Oscilação nas pesquisas, ataques subjetivos, até que o filho da candidata resolveu partir para cima e entrou em contato com o compositor Elton Saldanha para que esse interviesse e proibisse a execução da paródia que estava embalando a campanha do 40. Fez uma publicação no seu perfil e ofendeu a candidatura, mas nomeando o marqueteiro. Errou duas vezes – paródias foram permitidas por decisão do TSE e a ofensa foi grave.
Quando já pensava em utilizar a carta que guardava na manga, surge um novo fato muito mais grave, se é que posso fazer esse comparativo. A candidata estava na lista dos postulantes a cargos eletivos que tinha solicitado auxílio emergencial mesmo tendo patrimônio acima de R$ 300 mil. Duas parcelas estariam depositadas em conta. Ela fez o pedido por Santa Cruz do Sul, um artifício para não aparecer na lista de Candelária.
A bomba estourou. Não teve como explicar. Mas ainda era preciso mais.