Dizia um poeta espanhol: “Caminhante, não há caminho, o caminho se faz ao caminhar”. Caminho pandêmico é caminhar no escuro, tatear paredes. Tropeçar em obstáculos. Sentidos aguçados.
Medo de pisar em falso. Cair em buraco. Campo minado. Areia movediça.
Quando os problemas chegavam, meu pai sempre dizia, ter a esperança de ver a luz no final do túnel. Entramos no túnel em março e não sabemos quanto caminhar. Até sair dele ou até avistar alguma luz.
Recruto todas as ferramentas e manuais. Modo sobrevivência ativada. Saudades do viver. São tantas as distopias diárias que lançam ainda mais fumaça, neblina e breu.
Cansaço. Orfandade de referências e referenciais… Sigamos caminhando na fé, na esperança e na vida, acreditando que vai passar, que conseguiremos fazer a travessia. Pois como diz a frase do grande Eduardo Galeano: “Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.
E isto mesmo, amigos: a utopia serve para seguirmos caminhando, em meio à pandemia, ao desespero e à falta de perspectivas. Mesmo assim, é preciso reunir forças e disposição para continuar caminhando, porque a vida segue. E cada um de nós precisa cumprir suas tarefas para os outros possam continuar vivendo. As crianças precisam dos pais; os idosos necessitam do olhar amoroso e cuidadoso dos mais jovens, porque a vida já lhes consumiu suas energias. É neste momento que chegou a hora de demonstrar carinho e gratidão àqueles que dedicaram sua vida à descendência e deixaram seu legado.
Chega um tempo em que é preciso dar conta da missão de cuidar daqueles que vieram antes de nós e desbravaram os caminhos que estamos percorrendo hoje.