A Câmara de Vereadores, através do presidente Ilário keller, manifesta seu pesar pelo falecimento do ex-presidente, vereador Nilton Garibaldi, ocorrido esta noite. Ele é pai do vereador Leonel Garibaldi (NOVO) morreu esta noite, em função de complicações com o Covid-19, aos 72 anos. Os atos fúnebres ainda serão informados pela família.
O vereador Nilton Garibaldi marcou época no Legislativo de Santa Cruz do Sul. Foi eleito vereador pela primeira vez em 1972, com 1952 votos, pelo MDB. Então estudante de Direito, morador da Vila Schultz, era líder estudantil. Na primeira eleição acabou sendo o segundo vereador mais votado. Ingressou na Política pela mão do então prefeito Elemar Gruendling, o Maçarico.
Foi de improviso que nasceu uma das trajetórias mais longevas da Câmara santa-cruzense: a eleição de 72 foi o gatilho de um período de 32 anos ininterruptos no Legislativo, com passagens pela presidência e pela liderança de governo.
Até hoje, Gariba é um dos recordistas de mandatos em Santa Cruz – elegeu-se ainda nos pleitos de 1977, com 2088 votos; de 1982, com 1051, já pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT); em 1988, com 570 votos; em 1992, pelo PTB, com 711 votos e em 1996, com 1.222 votos. Foi presidente do Legislativo nos anos de 1983, 84, 1995 e 1997.
Em 1983 ele assumiu a prefeitura nas férias de Armando Wink, como presidente da Câmara, mesmo sendo oposição. Normélio Boetcher, então vice-prefeito se licenciou também e Nilton acabou assumindo a prefeitura por uma semana.
Na década de 90, Gariba tornou-se o grande responsável por uma das conquistas mais importantes da Câmara: a autonomia financeira e contábil em relação à Prefeitura. Tudo começou quando, enquanto presidente, descobriu que um empenho emitido meses antes para cobrir uma despesa junto a uma revendedora de carros estava parado na Secretaria da Fazenda, pois a contabilidade da Câmara era feita na Prefeitura. Em outros municípios, como Cachoeira do Sul, a “emancipação” já havia sido feita há mais de 20 anos. Imediatamente, Gariba chamou a equipe técnica da Câmara e pediu que encontrassem alguém para implantar um sistema próprio para o Legislativo.
Era filho de Alberto, um ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira, era simpatizante do trabalhismo, assim como outros integrantes de sua família.
No início dos anos 1980, após o fim do bipartidarismo, testemunhou a fundação do PDT na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Embora à época várias siglas estivessem nascendo no país, sua decisão foi permanecer com o “trabalhismo autêntico”. Brizola, por sinal, foi desde sempre sua grande referência.
Entre a década de 1990 e o início dos anos 2000, Gariba esteve no PTB, para onde migrou em apoio a Sérgio Moraes. Depois, retornou ao PDT. Ao todo, foram sete mandatos, dos quais dois foram prorrogados por emendas constitucionais e duraram seis anos cada. Concorreu pela última vez em 2012 para atender a um pedido do partido. Seu último mandato havia terminado em 2004 e não tinha pretensão de retornar.
Garibaldi foi autor de leis de cunho social, como isenções no pagamento de impostos e taxas para pessoas de baixa renda. Também são de sua autoria a lei que instituiu o Dia Municipal da Consciência Negra e a lei da passagem escolar.
Na década de 90 quando era líder do governo Sérgio Moraes, um projeto polêmico do Executivo estava em pauta e a então vereadora de oposição Helena Hermany, hoje vice-prefeita, apresentou um extenso parecer contrário à matéria. Gariba se viu emparedado, já que o parecer era muito bem fundamentado. O argumento que encontrou para rebater foi tão simples quanto brilhante. Pediu a palavra e disparou: “Vereadora, parecer é o que parece”. A frase seguidamente ainda é repetida na tribuna.