Não se pode negar que Santa Cruz do Sul tem um grande potencial turístico, fruto do esforço conjunto de todos que fizeram e fazem parte da história do município. Sempre em pleno desenvolvimento, prima pelo bem-receber a quem aqui chega. Atrações não faltam, entre elas os belos pontos turísticos. Visando potencializar ainda mais esse aspecto é que foi idealizado o Calçadão da Floriano, uma obra grandiosa.
Complexa, sim, como todas que requerem um cuidado especial e meses de trabalho. Quem passa pela Rua Marechal Floriano percebe que a via principal do Centro se tornou um canteiro de obras. Máquinas e trabalhadores se movimentam intensamente para deixar tudo pronto e tornar este mais um ponto de referência turística.
A obra despertou a curiosidade de muitos. Como ficará o trânsito? Qual o custo? E as tipuanas do Túnel Verde? E a pavimentação e a drenagem? Para abordar a complexidade da obra e os passos dados até o momento, o Riovale Jornal traz uma entrevista com o engenheiro Daniel Feuerharmel, da Secretaria Municipal de Planejamento e Orçamento.
Riovale Jornal: Quais os fatores de complexidade da obra?
Daniel Feuerharmel – Como é de conhecimento de todos, o Calçadão da Floriano tem sua beleza nas árvores, cuja espécie mais abrangente é a tipuana, que tem como característica suas raízes ramificadas, que trazem um transtorno para os passeios públicos e exigem todo cuidado ambiental para refazer este passeio sem danificar as mesmas. Outro fator a se levar em consideração, por se tratar de uma rua antiga do município, não possui um cadastro atualizado pelas concessionárias (redes elétricas, hidráulica, sanitária e lógica), exigindo uma atenção especial para não deixar nem uma das edificações (principalmente o comércio) do entorno sem estes serviços. Temos que considerar também que, por se tratar de um local com baixa incidência solar, após uma chuva demora um tempo maior para serem retomados os serviços. Ainda, sabe-se que é um local com alto nível de interferências: acessos de veículos locais, carga e descarga de lojas, intenso fluxo de veículos adjacentes, pedestres, entre outros, que fazem com que os serviços se tornem mais demorados do que em outros locais onde este fluxo não existe.
RJ: O projeto tem um custo dividido em várias etapas. Qual o valor total orçado?
Daniel: Os custos da obra, ao longo das três quadras de intervenção, que envolvem os trechos das ruas 28 de Setembro até a Borges de Medeiros; da Borges de Medeiros até a 7 de Setembro; e da 7 de Setembro até a Tiradentes, foram divididos nos trabalhos que envolvem a parte urbanística, ou seja, os passeios, decks, pergolado, arcos, bancos e floreiras, no total de R$ 2.062.321,90; parte elétrica com as luminárias e iluminação led dos arcos no valor de R$ 268.523,96; drenagem ao custo de R$ 201.843,16 e pavimentação orçada em R$ 348.504,27. Chegamos ao total de R$ 2.881.193,29. Para se ter noção de itens mais pontuais, pode-se verificar a planilha orçamentária discriminada no site da Prefeitura.
RJ: Quais os materiais que são empregados no projeto?
Daniel: A pavimentação da rua é em blocos de concreto intertravados com nova drenagem pluvial. Os passeios públicos estão sendo ampliados e confeccionados em pedra basalto, os canteiros ainda receberão deck em concreto, bancos, floreiras e luminárias, além de novos arcos metálicos com iluminação em led.
RJ: A quadra em frente ao Palacinho é a terceira do projeto a receber intervenções. Há plano de expansão para mais quadras?
Daniel: As obras na quadra do Palacinho começaram no dia 10 de janeiro, com a remoção dos paralelepípedos. Em seguida vem a drenagem e repavimentação. Assim que o meio-fio for posicionado, iniciará a execução dos passeios. Cabe ressaltar que, após a confecção da drenagem, da pavimentação e dos passeios públicos, será executada toda a parte ornamental das três quadras, com decks de concreto, floreiras, bancos, pergolado, luminárias, arcos metálicos, entre outros. Pelo cronograma, a quadra entre as ruas 28 de Setembro e Borges de Medeiros será a primeira a ser finalizada. Após, a quadra entre as ruas 7 de Setembro e Tiradentes. E então a quadra entre a Borges de Medeiros e a 7 de Setembro. A previsão de conclusão das obras como um todo é para ainda neste ano de 2022. O projeto inicial previa a revitalização das duas quadras do calçadão existente, entre as ruas Ramiro Barcelos e 28 de Setembro. Mas as próximas etapas serão discutidas após a conclusão destas três que se encontram em execução. A empresa Progetto Sul iniciou as obras em junho de 2019, mas em janeiro de 2020 o contrato foi rompido. Após nova licitação, a empresa Elo Construções e Instalações assumiu as obras, que foram reiniciadas em setembro de 2020.
RJ: O Calçadão da Floriano é uma verdadeira união de forças. Quais as secretarias envolvidas?
Daniel: Os projetos foram desenvolvidos pelos profissionais das secretarias municipais de Planejamento e Orçamento e de Segurança e Mobilidade Urbana, e os técnicos da Secretaria de Meio Ambiente auxiliaram nas questões ambientais, principalmente referente às tipuanas e demais árvores existentes. O recurso financeiro do Badesul, com contrapartida da Prefeitura, é gerido pela Secretaria Municipal de Turismo. Os trabalhos englobam a ampliação do passeio público, canteiros maiores para as tipuanas, espaço para bares e restaurantes colocarem mesas e cadeiras, além de bancos e até um pergolado de madeira em frente ao Palacinho. O projeto também conta com o trabalho da arquiteta e urbanista Cláudia Silva Babick e do engenheiro eletricista Ederson Boeck Streck.
RJ: Qual é a expectativa com o término da obra e o que ela representará para Santa Cruz do Sul?
Daniel: A expectativa com a conclusão das obras é agregar potencial turístico, comercial e de lazer a um dos pontos mais frequentados tanto pelos moradores quanto pelos visitantes de nossa cidade. O intuito é a valorização das árvores que compõem o famoso Túnel Verde e a ampliação dos passeios públicos, tornando a rua central mais humanizada e acolhedora, para que as pessoas permaneçam mais tempo nela, desfrutando da paisagem e do comércio local.
Ana Souza