Brasil, em primeiro lugar, e Uruguai, em segundo, lideram as Eliminatórias da Copa do Mundo, na zona sul-americana. Quatro rodadas atrás, a Seleção Brasileira estava em sexto lugar, fora do G5 classificatório (o quinto colocado vai disputar uma repescagem). O Uruguai, por sua vez, vem mantendo uma regularidade desde o início da competição. De toda forma, no momento, estas são as duas melhores equipes das Eliminatórias, e não há como negar que são times que funcionam muito bem do ponto de vista coletivo.
A equipe treinada por Tite não demorou para alcançar um padrão eficiente. Quatro rodadas atrás, o ex-treinador do Corinthians nem mesmo havia assumido a Seleção. Com ele, o Brasil venceu os quatro jogos disputados. Os esquemas táticos de brasileiros e uruguaios são um pouco diferentes, mas ambos bem aplicados na prática. O Brasil exerce o 4-1-4-1 que explicamos algumas colunas atrás, muito semelhante ao Corinthians do ano passado. Há quem diga que se trata de um 4-3-3 ou um 4-2-3-1, mas até aí são variações que acontecem durante o jogo, e toda interpretação é válida.
Quanto ao Uruguai, vale a pena falar sobre Óscar Washington Tabárez, “El maestro” Tabárez, apelido que significa “O professor”. Os professores de escola, no Uruguai, são chamados de “maestros”. O apelido nada tem a ver com um maestro de orquestra ou coisa parecida. Na verdade, nem se trata puramente de um apelido. Tabárez deu aulas para crianças em escolas de bairros humildes em Montevidéu, dentro da longa e bela tradição da educação pública no Uruguai. Na época de jogador, foi zagueiro e lateral. E, na função de treinador, já vem se destacando desde os anos 80. Foi campeão da Libertadores pelo Peñarol e campeão argentino pelo Boca Juniors. E chegou a treinar o poderoso Milan. Sua maior conquista recente foi o título da Copa América em 2011 pelo Uruguai. São alguns pontos altos de um belíssimo currículo.
A Seleção Uruguaia que Tabárez comanda atualmente joga com um 4-4-2 bem tradicional, com duas linhas de quatro jogadores, e na frente, dois excepcionais atacantes: Cavani e Suárez. Cavani recua um pouco mais que Suárez, compondo uma quinta posição no meio-campo. Chama a atenção, justamente, o meio-campo, pelo menos ao meu ver. Uma meia-cancha bem equilibrada. É uma linha de quatro jogadores corretamente distribuída. Dois deles atuam pelos lados, Carlos Sánchez (destro) aberto pela direita e Cristian Rodríguez (canhoto) aberto pela esquerda, o que proporciona jogadas pelos lados e um apoio aos laterais na marcação. Rodríguez é o “Cebola” que atuou pelo Grêmio em curta passagem. Os meio-campistas centralizados, na vitória recente sobre a Venezuela por 3 a 0, foram Arévalo Ríos (destro) um pouco pela direita e Nicolás Lodeiro (canhoto) um pouco pela esquerda. Meio-campo certinho, bem colocado em campo. Obra do “professor”.
Por Nelson Treglia