Recebi e-mails comentando a respeito do artigo da semana passada sobre os perigos da combinação de bebida alcoólica e velocidade e alguns me chamaram a atenção: “Viver é maravilhoso! O Céu pode esperar mais um pouquinho!” “Devemos dirigir a nossa vida e deixar o álcool só no motor!” “Imortal só o tricolor da Azenha. Por isso, se beber não dirija.” “Se você perde o controle de si mesmo quando bebe o que te faz pensar que pode controlar um carro?” Porém a frase que causou mais impacto foi: “Bebeu e dirigiu? Que lindo! Igreja lotada daqui a sete dias”.
Talvez ache essa frase um pouco dura, mas atenção! Uma pesquisa que evidenciou a relação entre a propaganda e os altos índices de consumo de bebidas apontou que os adolescentes entre 14 e 17 anos bebem 6% de todo o consumo anual de álcool do Brasil. E os jovens entre 18 e 29 anos são responsáveis por 40% do consumo brasileiro. O resultado muitas vezes é a morte de gente inocente.
Foi o que relatou o repórter ao ouvir as palavras de uma jovem que agonizava no asfalto, atropelada por um motorista embriagado:
“Mamãe, eu fui à festa e lembrei que você pediu para eu não tomar álcool. Então, bebi refrigerante. Senti que, ao contrário do que meus amigos disseram, fiz uma escolha saudável. E quando a festa acabou, e o pessoal começou a dirigir embriagado, eu corri para o carro, na certeza de que voltaria para casa em segurança. Mas jamais poderia imaginar o que me aguardava: fui atropelada por um automóvel em alta velocidade. E agora estou jogada na rua, com uma dor insuportável me cortando como uma dezena de facas afiadas, ouvindo o policial dizer: ‘O rapaz que a atropelou estava bêbado’.
Mamãe, meu sangue escorre pelo asfalto e eu tento, com todas as forças, não chorar, enquanto escuto os paramédicos dizerem: ‘A garota vai morrer’. Porém tenho certeza de que o rapaz, que dirigia o carro, não tinha a menor ideia do que poderia acontecer, afinal, ele bebeu e dirigiu. Mas por que as pessoas fazem isso sabendo que podem arruinar vidas inocentes?
Mamãe, minha respiração está cada vez mais fraca e estou ficando com medo. Gostaria que você me abraçasse agora para eu poder dizer o quanto a amo. Como isso não é possível, por favor, diga a minha irmã para não ficar assustada! Diga ao papai que seja forte. E quando eu for para o céu, escreva ‘Garotinha do Papai’ na minha sepultura. Então, adeus…”.