Início Especiais Basquete | Um exemplo de força dentro e fora de quadra

Basquete | Um exemplo de força dentro e fora de quadra

Teichmann mostra sua garra nos jogos e na vida: pai dos gêmeos Fernando e Mateus, 5 anos, e de Gustavo, 4 anos, alcançou a marca de mil assistências no NBB

Aos 39 anos, ala-pivô do UniCo, coleciona medalhas e feitos importantes
Arquivo pessoal

LUÍSA ZIEMANN – [email protected]

Estar dentro de um ginásio de esportes, seja em quadra ou na arquibancada, faz parte da vida de Guilherme Frantz Teichmann desde muito cedo. Na década de 1990, frequentar o Ginásio Poliesportivo, o Arnão, era um dos programas favoritos de todo santa-cruzense apaixonado por esporte. Isso porque a época era o momento de ouro do Pitt/Corinthians. Nas arquibancadas do Arnão estava o catarinense, natural de Concórdia, que integrava o elenco das categorias de base do clube. Naquela altura, mal sabia o atleta tudo que iria alcançar através do basquete.

Para Teichmann, o sonho de ser um jogador profissional nasceu ainda na infância. “Desde muito pequeno eu fui introduzido ao esporte de maneira geral, com cinco anos já fazia natação e, em seguida, o basquete veio junto”, conta o atleta. “Meus pais sempre praticaram esportes e foram uma grande influência na minha iniciação. Até os meus 11 anos, praticava basquete, natação e tênis. Foi quando, por influência da força do Pitt/Corinthians em Santa Cruz, eu escolhi treinar levando mais a sério o esporte e entrei nas categorias de base do clube.”

Desde lá, foram anos de dedicação e muito amor envolvido. Hoje, aos 39 anos, o ala-pivô coleciona medalhas, troféus e feitos históricos. Recentemente, Teichmann – que é o camisa 11 do UniCo e líder do elenco que busca retomar o destaque do basquete santa-cruzense no cenário nacional -, alcançou uma marca impressionante: mil assistências em 450 jogos no Novo Basquete Brasil (NBB). Além disso, ele foi o primeiro pivô brasileiro a chegar ao número de 500 roubos de bola. O feito, é claro, é motivo de orgulho. “Sou o líder histórico em tocos e o segundo em enterradas, além de estar também entre os líderes de rebotes”, acrescenta Teichmann. “Todas as marcas são bem expressivas por se tratar do principal campeonato de basquete brasileiro.”

Mas a trajetória de Teichmann é digna de brio também fora das quatro linhas. O atleta carrega consigo a honra de ser pai dos gêmeos Fernando e Mateus, de cinco anos, e de Gustavo, de quatro anos. Os três são o combustível para as conquistas do jogador, dentro e fora de quadra. “Os dois gêmeos são autistas. Hoje eu fico muito feliz em ver a nossa prefeitura disposta a ajudar essa causa. O autismo ainda está em processo de conhecimento entre as pessoas que não tem filhos dentro do espectro”, salienta. “Quanto mais conhecimento as pessoas tiverem, menos problemas com preconceito e resistência ao diagnóstico vamos ter.”

Com a necessidade de atenção especial devido ao autismo, os filhos de Teichmann não frequentam as arquibancadas dos ginásios por onde o pai passa, porém, de casa, enviam energias positivas e vibram a cada enterrada de bola. “Infelizmente meus filhos não acompanham os jogos, pois como são três fica difícil cuidar de todos ao mesmo tempo.

Além disso, os gêmeos têm sensibilidade ao som, em uma tentativa eles tiveram que sair antes mesmo do jogo começar por causa do barulho do ginásio”, explica. Defensor da causa, o atleta sonha com um mundo sem preconceito e com maior acessibilidade para todos que possuem o transtorno do espectro do autismo. “Uma criança autista sem diagnóstico passa uma infância muito mais difícil do que poderia ser caso tivesse o acompanhamento necessário que ela precisa”, reitera.

TRAJETÓRIA DE SUCESSO

Teichmann começou a traçar seu caminho de vitórias cedo. Na adolescência, com 15 anos, o catarinense se mudou para São Paulo, onde jogou na base do Monte Líbano. Com somente 17 anos foi para o Vasco da Gama, onde atuou pela primeira vez como atleta adulto profissional. Em 2001, alçoou voos ainda maiores: se mudou para os Estados Unidos, onde foi fazer faculdade e durante quatro anos jogou no competitivo basquetebol universitário americano. Quando retornou ao Brasil, passou pelo Pinheiros (SP), SC Corinthians Paulista (SC), Minas Tênis Clube (MG), Rio Claro (SP), Limeira (SP), Franca (SP) e Flamengo (RJ), além da Seleção Brasileira. Em seu acervo de medalhas e troféus, títulos históricos: foi campeão do Pan-Americano Rio 2007, campeão paulista 2009, tricampeão carioca 2009, 2010 e 2011, vice-campeão NBB, duas vezes vice-campeão da liga sul-americana e duas vezes vice-campeão paulista.