Sem um real sequer para dar início ao tão sonhado projeto de vida, a designer de sobrancelhas e micropigmentadora Jéssica Pereira, de 29 anos, talvez não tivesse ido tão longe não fosse o auxílio do Poder Público municipal para abrir o seu próprio negócio. Ela faz parte de uma multidão de mais de 5,4 mil empreendedores que nos últimos dez anos se socorreram das linhas de crédito ofertadas pelo Banco do Povo e contribuíram para impulsionar a economia de Santa Cruz do Sul. Mais de R$ 30 milhões já foram liberados.
O que era para ser apenas uma renda extra, hoje é a profissão de Jéssica, sua principal e única atividade. Depois de atender a domicílio, fazendo aplicação de henna nas horas vagas, e de ter participado de alguns cursos para aprender novas técnicas e aperfeiçoar o ofício, ela largou o trabalho em um escritório de contabilidade e foi se dedicar à profissão que verdadeiramente desejava. “Saí do escritório em outubro de 2017. Em 2018, passei me organizando. E, em 2019, fiz um investimento alto para bancar um curso de três meses, em que fiquei uma semana em São Paulo, tendo aulas presenciais. Quando voltei, não tinha um real para abrir meu negócio”, recorda.
Foi ao seguir um conselho dado pelo sogro, que já conhecia o Banco do Povo e, inclusive, anos antes, obteve um empréstimo para impulsionar sua oficina mecânica, que Jéssica decidiu ir em busca de um financiamento. “Nem cheguei a procurar outro banco. Meu sogro me falou que os juros eram baixos e que era fácil, que não tinha burocracia.”
Com o empréstimo, conseguiu alugar uma pequena sala dentro de outro estabelecimento comercial. Os R$ 6 mil obtidos já foram quitados e, com recursos próprios, fruto do seu trabalho, Jéssica foi avançando e agora está em um local espaçoso bem no centro da cidade. “Comecei do nada e hoje tenho uma boa clientela, que só vem aumentando. Tenho até condições de pagar alguém para cuidar da divulgação no meu Instagram, enquanto foco no trabalho”, revela.
Procura pelos recursos é permanente, garante coordenador
De acordo com o coordenador do Banco do Povo, Paulo Mans, a cada ano são liberados entre R$ 1,8 milhão e R$ 2 milhões em crédito e a média é de 200 projetos aprovados. A procura é permanente devido aos prazos mais dilatados para pagamento e às taxas diferenciadas, bem menores que as dos bancos tradicionais, o que também contribui para a baixa inadimplência, que gira em torno de 25.
A grande maioria dos clientes, segundo ele, não consegue acessar recursos de outra forma devido às exigências das instituições financeiras, dentre as quais possuir conta jurídica e ter um ano de faturamento. “Conseguem, no máximo, entre R$ 2 mil e R$ 3 mil, enquanto aqui chegam a sair com R$ 20 mil. Muitos já se formalizaram, abriram MEIs (microempreendedores individuais) e estão crescendo e expandindo seus negócios”, observa.
Outro diferencial do Banco do Povo, na avaliação de Mans, está na forma humanizada de atendimento ao público. “As pessoas não são números. Aqui a gente conversa com o cliente, dá uma atenção especial, escuta a história dele, vai na casa, tira fotografias no empreendimento e vai estabelecendo uma relação mais próxima”, destaca o coordenador do órgão financeiro.
Este ano, já foram liberados R$ 1,2 milhão em crédito para atender 75 empreendedores. Os recursos são provenientes do Programa RS Garanti e Microcrédito e do Crescer Nacional. Interessados na contratação de linhas de crédito devem entrar em contato com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, pelos telefones provisórios (51) 99904 5004 (Paulo), 99676 9080 (Daiani) e 99649 3628 (Ligia) ou ir direto no ponto físico de atendimento, na Rua Galvão Costa, 755, Centro, dentro do Parque da Oktoberfest.