Ricardo Gais
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O Rio Grande do Sul está enfrentando o pior momento da pandemia de Covid-19 e em Santa Cruz do Sul não é diferente. Na última divulgação preliminar das bandeiras classificatórias do Distanciamento Controlado, o mapa ficou totalmente em risco alto (vermelho), pois o sistema hospitalar do Estado teve aumento no número de pacientes internados, reduzindo os leitos clínicos livres ao menor nível desde o início do sistema de distanciamento: 0,67. Esse resultado levou o indicador, que mede a capacidade específica de atendimento, à bandeira preta.
Para a vigência das bandeiras na semana de 1º a 7 de dezembro, a região de Santa Cruz (R28) ficou com a classificação vermelha. A região também não encaminhou recursos para uma possível reconsideração. No sábado, 28, durante reunião da Associação dos Municípios do Vale do Rio Pardo (Amvarp) também ficou acordado que o Vale do Rio Pardo não terá volta das restrições no comércio, setor de serviços e indústrias. “É consenso de que o comércio, a indústria, o setor de serviços e produtivo, as escolas, não são os culpados pelo aumento de casos. Eles têm respeitado as regras. Os municípios têm observado a volta com força total das aglomerações, principalmente à noite. É isso que temos de atacar neste momento, com mais rigor e fiscalização, além de conscientizar a população para manter a prevenção”, afirmou o prefeito de Candelária e presidente da Amvarp, Paulo Butzge.
Devido ao avanço da pandemia, o Governo do Estado suspendeu o sistema de cogestão. Com isso, para o comércio, indústria e serviços haverá novas restrições. No setor de lazer, entretenimento como cinemas, feiras e eventos corporativos, fica vedado o funcionamento. Já as escolas, conforme o Governo do Estado, podem funcionar como já vinham operando.
Já o comércio, que pode continuar suas atividades, a classificação vermelha não causa espanto, mas, lojistas pedem que a população mantenha os cuidados de prevenção. Conforme a sócia-proprietária da Minhagriffe, Sirley Maria Morsch, desde o mês de outubro é notável que as vendas deram uma reagida e o esperado é de que a bandeira vermelha não afaste o consumidor das lojas. “As pessoas devem continuar a usar máscara e álcool gel. O setor que mais está se cuidado é o comércio, que dispõe de todos os cuidados”, pontua.
Sirley salienta que cada cidadão deve se conscientizar de que ainda devemos nos cuidar, não prejudicar o coletivo e evitar aglomerações. “Chegou dezembro, as pessoas vão continuar saindo, querem gastar e a gente precisa que as pessoas comprem. Também já estamos projetando o ano que vem para uma retomada, inclusive, se houver a vacina”, frisa.
AUMENTO DE CASOS PREOCUPA
Conforme o secretário Municipal de Saúde, Giovani Vilson Alles, se observou nas duas últimas semanas em Santa Cruz, o aumento significativo de casos confirmados em pessoas mais jovens de 20 a 40 anos, o que gera preocupação. “Se as pessoas não colaborarem com as regras de prevenção, a tendência é de continuar o aumento dos casos. O problema que verificamos não é nas flexibilizações, mas sim, no comportamento individual das pessoas”, disse.
Com a chegada das festas de fim de ano, o secretário orienta que a população mantenha os cuidados, as medidas de prevenção à Covid-19 e evite aglomerações, além de fazer uso de máscara e higienização constante das mãos.
Após a divulgação das bandeiras, o governador Eduardo Leite destacou que o Estado está, de fato, vivendo uma segunda de coronavírus. “Nosso modelo analisa uma série de indicadores, desde óbitos, hospitalizações, propagação do vírus e disponibilidade de leitos hospitalares. Os números apontam para bandeira vermelha em todas as regiões. É um alerta que se apresenta no nosso Estado, na mesma direção do que está acontecendo em outros estados”, alertou o governador.
Em Santa Cruz, Giovani Alles salienta que ainda não é possível afirmar se o Município está numa segunda onda da Covid-19, mas que equipes da vigilância epidemiológica estão avaliando a situação.
Conforme a Prefeitura de Santa Cruz, em virtude da bandeira vermelha, será elaborado um novo decreto com restrições mais severas.
Desde o primeiro caso confirmado de Covid-19 em Santa Cruz, – 5 de abril – o Município já soma 2.442 pessoas que testaram positivo para a doença. O acompanhamento realizado pelo Riovale Jornal mês a mês, através de gráficos, mostra que novembro foi o mais crítico da pandemia no Município até o momento, quando foram registrados 829 novos casos e seis óbitos. No mês de outubro foram 374 casos.
Do total de confirmados, 2.051 pessoas já estão recuperadas da doença, e de acordo com último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura, entre internados e em isolamento domiciliar, 375 pessoas estão com o vírus ativo no organismo.
No mês de outubro, pelos dados apresentados, a pandemia dava sinais de estabilidade e registrava queda nas confirmações, mas este cenário não se concretizou. Dados epidemiológicos confirmaram a propagação da doença. Em um curto período de três dias, por exemplo, foram registrados 100 novos pacientes diagnosticados com o coronavírus, além da elevação de pessoas suspeitas de estarem infectadas e internadas em hospitais do Município.