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Aula inaugural integrada na Unisc debaterá o feminismo

“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, essa citação da escritora e feminista francesa Simone de Beauvoir será o tema da aula inaugural integrada dos Cursos de Comunicação Social, Psicologia, Direito, Secretariado Executivo, História, Letras e Relações Internacionais da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). O evento ocorre nesta quinta-feira, 17 de março, às 19h, no Auditório Central da instituição e terá como convidados o jornalista e doutor em Sociologia Juremir Machado da Silva, a escritora e doutora em Literatura Lélia Almeida e historiadora e doutora em Ciência Política Celi Pinto.

O coordenador do Curso de História, José Antônio Moraes do Nascimento, enfatiza a importância de se abordar o feminismo na sociedade atual. “É de extrema importância trazer esse assunto para o debate, principalmente em função de vários preconceitos e problemas que as mulheres enfrentam na sociedade atual, desde questões referentes ao próprio corpo (decisão sobre aborto – por exemplo), até questões de remuneração inferior ao homem”. O professor fala também da relevância de o assunto ser tratado dentro da universidade. “Principalmente nos cursos que têm uma preocupação em discutir questões sociais, é um assunto que complementa e aprofunda aspectos que não estão relacionados diretamente aos conteúdos do currículo, mas que devem ser problematizados”.
 
Hélio Etges, coordenador do Curso de Comunicação Social, corrobora com as colocações de Nascimento. “É nesse espaço (na universidade) que circula um imenso universo de ideias. O assunto mulher não pode ficar à margem desse contexto e deve ser o ponto de partida para pensamentos inovadores a fim de proporcionar outras formas de se pensar esse universo”. Uma das contribuições nesse sentido, segundo o docente, pode vir da área da comunicação em dois vieses. “O primeiro é o de a comunicação ser a portadora desses debates entre as diversas áreas do conhecimento. O segundo é a discussão de como a comunicação torna públicos os assuntos que giram em torno da mulher.”

Já Andrea Konzen, coordenadora do Curso de Secretariado Executivo, comenta sobre a importância da integração entre os cursos no evento. “Quando pensamos a aula inaugural, trabalhamos com a questão das trocas que podem ser feitas entre nossos professores e alunos e a integração dos mesmos, principalmente porque já tínhamos feito outra atividade integrada no ano anterior que nos trouxe bons resultados”. A coordenadora ainda ressalta que o tema do evento – “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, frase de Simone de Beauvoir, que teve influência na teoria feminista – é bastante polêmico. “A mulher passou a exercer cada vez mais um papel protagonista, assumindo posições predominantemente masculinas no mercado de trabalho. No entanto, devido a uma sociedade de cultura machista, ainda sofre com a desigualdade em diversos aspectos, tais como, o acúmulo de atividades domésticas, ficando sobrecarregada.”

Outro indicativo que, na avaliação de Andrea, torna necessário esse debate é a própria violência que acontece das mais diversas formas, dentro e fora de casa. “Os números são assustadores e é preciso levar em conta que muitas vítimas não registram por medo, vergonha, entre outros motivos. Enfim, temos um caminho de conquista a percorrer. E o exercício crítico é um passo fundamental para evoluirmos como seres em convívio social.”

A aula inaugural integrada contempla acadêmicos de vários cursos, podendo ainda ser assistida pelo público em geral. Conforme aponta Nascimento, o evento “visa discutir a situação da mulher na sociedade como um todo (gênero, social, internacional) com pesquisadores que têm problematizado a temática e que podem contribuir para nosso conhecimento, mas também para nossa ação na sociedade”.

O debate será mediado pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Letras e do Departamento de Comunicação Social, Rafael Guimarães. Cem alunos participantes serão contemplados com o livro “Correio do Povo – A primeira semana de um jornal centenário”, de autoria de Juremir Machado da Silva. Isso porque o jornalista fez um pedido “diferente” para seu cachê: solicitou a compra de 100 exemplares de sua obra por parte da Unisc, para serem distribuídos aos acadêmicos presentes no evento.
 
Confira abaixo um breve currículo dos convidados:
 
Juremir Machado da Silva: escritor, tradutor, jornalista e professor universitário. É formado nos cursos de jornalismo e história, na PUCRS, universidade onde coordena o Programa de Pós-graduação em Comunicação Social. É doutor em Sociologia pela Universidade Paris V, René Descartes, Sorbonne. Como jornalista, atuou como correspondente no jornal Zero Hora de Porto Alegre, teve passagem pela revista Isto É e colaborou com a Folha de S. Paulo. Hoje, trabalha como colunista no Correio do Povo e comentarista diário da Rádio Guaíba. É autor de várias obras, dentre elas ‘A noite dos cabarés’ (Mercado Aberto, 1991), ‘O pensamento do fim do século’ (L&PM, 1993), ‘A miséria do jornalismo brasileiro’ (Vozes, 2000), o romance de não-ficção, ‘Getúlio’ (Record, 2004).
 
Lélia Almeida é escritora, mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS, doutora em Literatura da América Latina na Argentina. Dentre os livros de romance publicados, estão ‘Antônia’ (1987), ‘Senhora Sant’Anna’ (1995) e ‘Querido Arthur’ (1999); no gênero crônicas escreveu ‘A sombra e a chama: as mulheres d’O tempo e o vento’ (1996) e ‘As meninas más na literatura de autoria feminina’ (1996). Foi professora universitária e, atualmente, é tradutora e trabalha como consultora do gênero, direitos humanos e segurança pública em Brasília, onde vive. Mantém o blog mujerdepalabras.blogspot.com e escreve para vários veículos eletrônicos de todo o país.
 
Celi Pinto, possui graduação em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1972), mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1979) e doutorado em Governo – University of Essex (1986). É professora titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tem experiência na área de Ciência Política e História, com ênfase em Teoria Política, e História Política Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: história e política brasileira, teoria da democracia, participação política e feminismo. Atualmente é professora permanente do Programa de Pós-Graduação em História da UFRGS. Esteve como acadêmica visitante na Universidade da California – Los Angeles em 1997; na Universidade Livre de Berlim em 2010 e na Universidade de Oxford em 2014. É pesquisadora 1b do CNPq.