Início Max Severo Atochar

Atochar

Atochar. Alguém lembra dessa palavra, hoje praticamente em desuso?

Bom. Atochar é segurar, prender, forçar, mas também é uma espécie de mentira. É defender algo de que não se tem muita certeza ou que sequer exista.

Há duas semanas, uma pessoa, usuária de redes sociais, em postagem a respeito das maravilhosas “carreatas das saudades” promovidas pelos colégios Mauá e São Luís, referindo-se a comentários desabonadores sobre as referidas em um portal de notícias, atestou que as pessoas que estavam escrevendo comentários à notícia, poderiam ser as mesmas que procurariam empregos e esses os seriam negados pelo que escreveram. Rebati no momento que duvidava que empresários dos municípios se preocupassem em consultar redes sociais cada vez que um candidato aparecesse para uma vaga de emprego. É algo surreal. Esse registro, entretanto, rendeu uma boa quantidade de pontos e contrapontos com opiniões em maioria concordando com o autor da postagem. Isso me fez recorrer a quem de fato interessa. Consultei duas entidades de classes empresariais das três que estão instaladas em Santa Cruz do Sul. Delas recebi que: consultar perfis em redes sociais não é prática dos empresários, “até porque nas redes sociais a vida sempre é maravilhosa” disse-me um dos presidentes. E acrescento que esse é um julgamento altamente subjetivo – o que pode ser fantástico para alguns não o é para outros.

O certo mas não absoluto, é que os empresários da cidade fazem o que é correto – contratam por capacidade e não por comentários bons ou maus. Claro que devem existir os que se preocupam em arriscar ter um colaborador com menos qualificações que diga só o que agrada ao patrão do que um que possa oferecer mais qualidade e que pensa diferente.

Pegando o assunto acima, lembro que muitos psicopatas têm perfis e agem dentro da normalidade até que se revelam. Às vezes, mais cuidadosos do que qualquer outro membro. Exemplo mais gritante do que vimos nesta semana é impossível. Aqui no Rio Grande do Sul de tantas façanhas, muitos ditos “pessoas de bem” em seus perfis no facebook, onde aparecem em viagens deslumbrantes, comidas fabulosas, amor à família incondicional e posicionados contra a corrupção dos políticos, foram protagonistas de reportagem onde passaram de bons e boas para o rol dos corruptos que tanto pareciam odiar.

Enquanto trabalhadores de baixa renda se espremem em ônibus e filas para tentar sacar o auxílio emergencial que o Governo Federal oferece, dentista, arquiteto, filhas de um prefeito, secretário de município, funcionários públicos, empresários entre outros com renda muito superior ao estipulado, tiveram a falta de caráter de se inscrever e sacar o benefício social oferecido pelo Governo Federal, deixando quem realmente precisa a ver navios. Quero crer que entre um e outro possa mesmo ter havido uma compreensão equivocada, mas não de todos. Teve uma moça, o eleitor deve ter visto ou lido, com data marcada para casamento e lua de mel no mar do Caribe em Punta Cana, enquanto por aqui, nos grotões desse Brasil de tanta criatividade, vemos famílias inteiras passando o verão sem água nas torneiras para beber, quanto mais para tomar um banho decente.

É por demais indignante nos vermos ainda surpreendidos por esses atos depois de todos os exemplos que o universo tem dado para quem age desta maneira. Alguns disseram ter devolvido. Outros que ainda devolverão. Devolvendo ou não, houve a intenção e o recebimento. Se o Governo Federal quiser, e parece que vai, poderá processar essa gente toda.

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Chegamos à metade de 2020 – um ano surpreendente. Faltam cinco meses e um dia para entrarmos em 2021 sem nenhuma segurança de que poderemos comemorar alguma coisa.

O caminho apontado é o lockdown por umas três semanas, mas tem os que apostam que tudo não passa de uma gripezinha.