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Às vezes, lavando as mãos, sujamos a consciência

Vivemos em um mundo desavergonhado e egoísta. As pessoas estão virando prisioneiras da própria liberdade e esquecendo que a consciência limpa é indispensável para uma vida de sucesso. Por isso Shakespeare disse: “A minha consciência tem milhares de vozes, e cada voz traz-me milhares de histórias, e de cada história sou o vilão condenado”.
A consciência é uma faculdade do espírito humano sensível às qualidades fundamentais da natureza divina. Ela incentiva para o certo e afasta do errado, sendo, assim, o padrão interior para julgar as ações. O escritor Charles Ryrie conceituou-a como “a voz interior que impele a pessoa a fazer o que é correto”.
Todos nós, em maior ou menor grau, somos sensíveis às verdades universais por meio da consciência. Infelizmente, há pessoas que preferem lavar as mãos, como fez Pilatos, diante da dificuldade alheia. Mas também há os que, como o amigo surfista Flávio Boabaid, de Florianópolis, mantém viva em seu peito essa pequena faísca de fogo celestial denominada consciência:
– Terminei 2011, dia 30, salvando um casal na Praia do Santinho. – relatou Flavio – Eu estava caminhando de bobeira, após ter saído da água, quando percebi os dois nadando num local perigoso. Assoviei para eles saírem, mas não escutaram. Olhei para os salva-vidas e lá estavam eles, tranquilos, conversando no posto de observação. Voltei a olhar para os jovens e constatei que estavam em sérios apuros. Não pensei duas vezes: entrei na água a mil por hora e, quando cheguei até eles, empurrei a menina para cima da prancha. Porém o rapaz já não conseguia mais nadar e, com um olhar assustado, estava indo em direção ao fundo. Graças a Deus, quando me preparei para socorrê-lo, chegou o salva-vidas e tudo acabou bem. Eles estavam com os pais (que não viram nada) e, por pouco, não tiveram um fim de ano trágico. Quando todos se acalmaram, falei: ‘Hei, celebrem a vida, comemorem a virada e brindem por estarem vivos!’ Eles só deram um sorriso amarelo e nem me agradeceram. Mas não precisou, pois eu é que disse obrigado por ter tido a oportunidade de fazer o que tinha que ser feito. E nada melhor do que começar o ano novo com a consciência tranquila.”
Em 2012 que nós possamos seguir o exemplo do Flávio, pois do contrário, corremos o risco de, lavando as mãos, sujarmos a consciência.