Volta e meia, ao parar em um sinal vermelho, fico observando os rapazes fazendo malabarismos circenses para os motoristas. É bacana vê-los manejando bolinhas ou objetos com fogo para ganhar a vida, com tamanha destreza. Após o encerramento do mini-show, eles vão de carro em carro colher algumas contribuições em dinheiro (geralmente moedas). Uma cena que já se tornou trivial aqui em Caxias do Sul.
Entretanto, o que chama a atenção é que, antigamente, para alguém pedir esmola, bastava bater no vidro e dizer: “Tio, me dá um trocadinho?!”. Agora, com o advento da globalização, até para esmolar é preciso ser bastante criativo. É como sempre digo: “Não basta acertar na mosca, tem que acertar no olho da mosca”.
A verdade é que uma das principais qualidades do ser humano é a criatividade. O poder criativo é intrínseco a nós. Cada um carrega dentro de si a capacidade de criar. Mas, o que é criatividade?
Para a educadora Mary Lou Cook “criatividade é inventar, experimentar, crescer, correr riscos, quebrar regras, cometer erros, e se divertir”. Em outras palavras, ser criativo é encontrar maneiras, independente da profissão, de servir melhor aos outros.
Porém, às vezes nossas aventuras criativas não funcionam ou até mesmo dão desastrosamente erradas. O que fazer? Frustra-se? Quem sabe. Mas a melhor saída é tirar as algemas da mente e dar vazão para o pensamento fluir livremente. O que não der certo em suas experiências servirá de bagagem para não errar nas próximas vezes. Portanto, nada é perdido quando se trata de criatividade. Sabendo disso, o empresário Aleksandar Mandic, na reunião-almoço da CIC Caxias, aconselhou: “Uma má ideia executada é melhor do que uma boa ideia não executada”.
Há alguns anos atrás, após me tornar representante comercial de uma empresa famosa, já nos primeiros dias de trabalho, cheio das melhores intenções, dei uma dica “inocente” à diretoria:
– O que vocês acham de gravarmos um vídeo, distribuirmos aos clientes e no dia seguinte retornarmos para tirar o pedido?
O diretor da empresa, com a paciência de Jó, rebateu:
– Obrigado, Sérgio, pela dica, mas estamos há mais de dez anos nesse mercado e essa estratégia já foi testada e não deu em nada.
– Desculpe, foi só uma ideia boba – respondi vermelho de vergonha.
Ele bateu no meu ombro e riu:
– Tenha paz! Às vezes é melhor pedir perdão do que permissão.