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Às vezes comprar o supérfluo pode levar a vender o necessário

Mesmo com um cenário de crescimento econômico, nunca houve tantas pessoas endividadas no Brasil. Segundo o Banco Central, o valor das dívidas corresponde a 43,3% da renda das famílias em 2012. Entre os gaúchos, conforme pesquisa da Fecomércio, 11,3% sequer terão condições de quitar suas faturas atrasadas em julho.
Isso é caso sério, pois um problema que costuma abalar a estrutura emocional do ser humano é uma situação financeira adversa. E, graças à nova realidade causada pelo acesso fácil ao crédito e, principalmente, por não terem recebido uma educação financeira na escola, muitos fazem aquisição de novos bens sem o devido planejamento. O resultado é novos CPFs incluídos no cadastro do SPC a cada mês.
Mas como superar uma crise financeira pessoal que nos faz passar por momentos difíceis onde se vive com o “coração na mão”?
Em 1998, ao contrair dívidas com cartão de crédito e cheque especial, corri para amigos e parentes até notar que o buraco estava cada vez mais fundo. Foi então que resolvi “parar de cavar”, reorganizar o orçamento doméstico e detectar os gastos com supérfluos. Concluí que não era o dinheiro que resolveria meu problema de falta de dinheiro, mas uma mudança de hábitos.
A primeira atitude foi de parar de gastar naquilo que não era necessário. Eu fui tão radical nessa decisão que por um período de 13 meses não comi meu chocolate predileto. Você consegue imaginar o que é passar 13 meses sem comer “Prestígio”? Estacionar no posto de combustível para abastecer, olhar para a loja de conveniência e vir aquele pensamento: “Um só chocolatinho não vai fazer diferença, afinal, são só alguns centavos… Mas de grão de grão a galinha enche o papo; de centavo em centavo, é que eu saio do buraco.”.
Deu certo e, no dia que consegui estabilizar minha vida financeira, comi 16 “Prestígios” de uma só vez.
Assim sendo, caso você esteja com suas finanças “no vermelho”, minha dica é: não vá ao banco pegar um empréstimo (a menos que seja a única alternativa e a operação seja vantajosa), não recorra a seus amigos e parentes, nem descarregue em seu cônjuge, porque isso é como tentar apagar um incêndio com gasolina. Dê um tempo, coloque a cabeça no lugar, reúna a família e veja como pode renegociar as dívidas e cortar gastos desnecessários, pois às vezes comprar o supérfluo pode levar a vender o necessário.