Luiz Ricardo Pinho de Moura, coordenador regional de Educação, foi entrevistado pelo ‘Riovale Jornal’ neste especial de volta às aulas. Ele avalia a qualificação e o desempenho das escolas estaduais, fala sobre obras nestes educandários e sobre muitos outros assuntos que envolvem estas escolas. Nesta entrevista, Moura faz um “raio-x” da educação estadual na região, revelando para a comunidade a abrangência do trabalho realizado pela 6ª Coordenadoria Regional de Educação (6ª CRE).
Riovale – Como foi o final do ano passado para as escolas estaduais, em Santa Cruz e região? Em função da greve dos professores, que tipo de adaptações foram feitas no calendário para encerrar o ano de 2017 e dar início ao ano letivo de 2018?
Moura – Entendemos que dentro de um contexto pedagógico administrativo foi muito tranquilo. Cada estabelecimento de ensino recebeu as orientações (pedagógicas, administrativas e financeiras) para a elaboração do calendário de recuperação de dias e/ou horas paralisadas em virtude da greve dos professores e funcionários. Sendo necessário o cumprimento da integridade do ano letivo, com a obrigatoriedade legal da implantação de, no mínimo 800 ou 1000 horas/aulas, conforme a modalidade de ensino e 200 dias letivos, preceituada no artigo 24, inciso I, da Lei Federal nº 9.394.20 de dezembro de 1996. O calendário escolar e o Projeto Político Pedagógico das Escolas devem ser contemplados na sua totalidade. Para o início do ano letivo de 2018, já foram repassadas todas as orientações.
Riovale – Como você avalia o desempenho das escolas estaduais em Santa Cruz do Sul e na região, seja dos professores, seja dos alunos? É um bom desempenho? Por quê?
Moura – O desempenho dos professores foi bom. Docentes, na grande maioria, comprometidos com a escola, procurando desenvolver um trabalho de acordo com a proposta pedagógica do Estabelecimento de Ensino e as diretrizes da mantenedora. No decorrer do ano de 2017, foram constatadas poucas licenças. Houve uma boa adesão nas formações pedagógicas promovidas pela 6ª CRE.
Quanto aos alunos, o aproveitamento foi muito bom, um significativo número de aprovações, com um bom percentual de frequência. Cabe salientar que diminuímos muito os casos de bullying e violência escolar. A 6ª CRE, também foi uma das Coordenadorias do Estado do Rio Grande do Sul que obteve o maior número de Escolas onde o padrão de desempenho dos alunos ficou no nível adequado, no sistema de Avaliação do Estado (SAERS). Cabe destacar que a Escola Estadual Wolfram Metzler, de Venâncio Aires recebeu o 1º lugar no Prêmio Referência Estadual em Gestão Escolar/2017, esta premiação vem a engrandecer o trabalho de gestão realizado por essa Coordenadoria, valorizando o trabalho dos segmentos do educandário. Também cabe destacar que o Prêmio Professor Nota 10/RBS, foi conquistado pela professora Carmem, da Escola Estadual de Educação Básica Borges de Medeiros, de Encruzilhada do Sul e muitos alunos vencedores dos Concursos: Programa Agrinho, Olimpíadas de Astronomia, Olimpíadas de Matemática, Palco do Saber, Crianças e Jovens do Rio Grande Escrevendo Histórias, entre outros.
Riovale – Em termos de infraestrutura, como você avalia atualmente as escolas estaduais em Santa Cruz e na região? Elas estão em boas condições e oferecem as condições necessárias a professores e alunos? Por quê?
Moura – Muito já se investiu nas escolas da rede estadual da região, hoje totalizando três milhões, oitocentos e oitenta e dois mil e seiscentos e dezoito reais (R$ 3.882.618,00) e para 2018 está previsto um milhão, seiscentos e setenta e cinco mil, duzentos e vinte reais (R$ 1.675.220,00) em obras. Também foi investido em imobiliário: 3.165 conjuntos para o aluno e 231 conjuntos para o professor, distribuídos entre 63 Escolas, totalizando R$ 662.407,00. Quanto a modernização tecnológica, nesse governo, as escolas de Ensino Médio já receberam em torno de 30 notebooks por escola. O referido programa tem por finalidade, proporcionar e aprimorar a formação dos estudantes, bem como dos professores, é importante destacar que o laboratório móvel de informática vai até onde os alunos estejam. Alguns estabelecimentos de ensino receberam lousas digitais que foram distribuídas para seis estabelecimentos de ensino (C.E Monte Alverne, C.E Prof. Luiz Dourado, E.E.E.M João Habekost, I.E.E Gomercinda Dornelles da Fontoura, I.E.E Ernesto Alves e E.E.E.B Padre Benjamim Copetti). Embora sabendo que ainda há muito a ser feito, mas de acordo com a situação financeira do Estado, acredito que já foi um significativo investimento. Frente a isso, analiso que a maioria dos estabelecimentos de ensino oferecem condições necessárias para os alunos e professores.
Riovale – A Coordenadoria, ou a Secretaria Estadual, tem trabalhado para ampliar a qualificação dos professores? O que tem sido feito nesse sentido?
Moura – Muitos cursos de formação já foram proporcionados aos professores. No ano de 2017, foi oferecido mais de 1.000 horas (cursos, seminários e formação continuada), podemos destacar: Educação Física em Ação, Elaboração de Projetos de Educomunicação, Metodologias Ativas no Ensino da Ciências da Natureza, Cursos de Apropriação dos Resultados dos SAERS/Sistema de Avaliação do Estado, Quando as Políticas Educacionais se Cruzam na Sala de Aula: articulação, mediação ou tensão, Metodologias para a Educação de Jovens e Adultos, Formação RS Negro, Curso de Gestão de Conflitos e Combate ao Bullying, Encontro Educação Para a Paz, Seminário de Boas Práticas CIPAVE, Iniciação à Programação e Robótica, Tecnologias Para a Educação Infantil e Anos Iniciais, Tecnologias Midiáticas Digitais, Apropriação da Webgrafia em Pesquisa Escolar, Power Point: Construção de Stop Motion e Objetos em Flash, Aplicativos no Google, entre outros. Para 2018, está previsto mais de 600 horas de formação continuada nas diferentes áreas do conhecimento. Além disso, há possibilidade de liberações dos professores, com no mínimo 30 dias de antecedências, a buscar cursos e/ou seminários por conta.
Riovale – Santa Cruz do Sul e região possuem uma situação privilegiada em termos de escolas estaduais, em comparação com outras regiões do Estado? Por quê?
Moura – Hoje, a 6ª CRE gerencia 18 municípios (Vale do Rio Pardo e alguns do Centro-Serra), totalizando 103 escolas. Já em outras CREs, o número de municípios de abrangência é menor, assim como o número de escolas. O número de habitantes é bastante significativo, a história da região, a expansão da economia, dedicação e comprometimento com o desenvolvimento da região, as infraestruturas das escolas são muito boas, professores qualificados e comprometidos, proposta pedagógica das escolas, quadro permanente de professores e funcionários, o bom relacionamento da 6ª CRE com as equipes diretivas e os diferentes segmentos da comunidade escolar e o trabalho de gestão são fatores que contribuem para que essa região tenha uma situação privilegiada, quanto às escolas estaduais.
Riovale – Neste período de férias, que tipo de trabalho tem sido feito nas escolas? Foram feitas obras, por exemplo? Quais obras ou quais trabalhos vêm sendo feitos nas escolas neste período?
Moura – Apesar de algumas escolas, recentemente terem cumprido o seu calendário do ano letivo de 2017, o que fez com que as férias iniciassem muito recente, já realizamos reuniões com todas as equipes diretivas para darmos as orientações pedagógicas, administrativas e financeiras para o ano letivo de 2018. A grande maioria dos diretores das escolas procuraram fazer manutenções na estrutura física, como pinturas, pequenos reparos, conserto de mobiliário, dedetização, limpezas em geral, entre outras. Em algumas escolas teremos obras maiores. Se todas as empresas que participarão dos certames licitatórios estiverem com a documentação regularizada, em 12 escolas as obras iniciarão no 1º semestre de 2018, totalizando um investimento de um milhão, trezentos e sessenta mil reais (R$1.360.000,00). Em três escolas (E.E.E.M Santa Cruz, E.E.E.F Professor José Wilke e E.E Guilherme Fischer) teremos o início das obras nos próximos dias, totalizando trezentos e quinze mil, duzentos e vinte reais (R$ 315.220,00).
Riovale – Em termos pedagógicos, o que vem sendo prioridade e o que pode ser apontado como novidade em termos de conteúdo para os alunos?
Moura – Para 2018, todos os esforços pedagógicos serão voltados para uma escola que pensa na aprendizagem. Nós temos que ter escolas de ensinar e aprender de verdade. O estabelecimento de ensino que pensa na aprendizagem é uma escola que pensa no saber, pois a escola como patrimônio da sociedade é lugar de formação cultural e científico. Dar aula qualquer um dá, mas trabalhar a aprendizagem significativa não é para qualquer um. Frente a isso, trabalhamos muito em cima de formações pedagógicas, também queremos estar mais próximos das escolas. Com a aprovação da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), SEDUC, 6ª CRE e Escolas Estaduais, juntamente com as escolas municipais e particulares irão trabalhar na elaboração do Padrão Referencial Curricular Gaúcho (PRG). Com certeza, o maior beneficiário será o aluno, ele é a razão das escolas existirem, ele é o foco. Acredito que se não podemos mudar o começo, podemos mudar o final.