Foto: Rolf Steinhaus
Campis (PT) e Kelly (PTB): Coligação vitoriosa nas urnas em 2008 agora corre riscos por conta de desentendimentos
Mara Pante
Um novo cenário político começa a se desenhar na cidade visando as candidaturas à Prefeitura Municipal. Em reunião tensa e longa – três horas e meia – realizada na noite de quinta-feira, 29, com toda a cúpula do PTB, a diretoria executiva analisou a coligação e decidiu se dar por liberada para reavaliar a aliança. O presidente Marco Borba, em nota oficial à imprensa, entregue na manhã desta sexta-feira, declara que o partido tinha um compromisso com o PT, mas foi surpreendido com entrevistas consecutivas e manifestações da diretoria deste, dizendo que iam analisar se ficavam coligados ou não com o PTB.
Em entrevista o presidente do PTB, Marco Borba, explicou que a decisão foi tomada a partir das manifestações feitas por parte do PT, nas quais, segundo ele, o partido do vice-prefeito mudou o discurso. “Ficamos surpresos com as declarações à imprensa de que, dependendo do cenário político, o PT poderia vir com chapa própria. Isso pra nós não serve. O PTB é um partido que cumpre com o combinado e esse tipo de afirmação nos leva a reconsiderar e ter a mesma liberdade”, disse Borba.
Ainda no domingo, 25, o diretório do PT reforçou em reunião com filiados, seu apoio à candidatura de Luiz Augusto Campis como vice de Kelly Moraes. Porem o presidente do diretório santa-cruzense do Partido, Ari Thessing, disse que a postura vale somente se Kelly estiver na cabeça de chapa e que, se mudasse o cenário, o partido poderia voltar atrás a rever a decisão de ser vice do PTB. Possivelmente esta afirmação tenha dado margem à reavaliação do PTB.
Após a entrevista de Marco Borba sobre a nota oficial, Ari Thessing, em entrevista, quis evitar a polêmica. “Estamos trabalhando desde o ano passado na continuidade da coligação, porque está dando certo em Santa Cruz “, disse. “Se foi alguma coisa mal colocada e isso não foi bem aceito, há de se corrigir”, concluiu.
A NOTA OFICIAL
“Em reunião realizada ontem à noite entre a executiva e principais lideranças do PTB local, decidiu-se o seguinte: O PTB tinha um compromisso formado com o PT, mas fomos surpreendidos com várias entrevistas consecutivas e manifestações por parte da diretoria do PT dizendo que iam analisar se ficariam coligados ou não com o PTB. Tendo em vista estas manifestações, o PTB se da por liberado para reavaliar profundamente um possível novo cenário político.”
ACORDO FOI PARA O LIXO
O deputado federal Sergio Moraes (PTB) entende que com as observações feitas pelo PT, o acordo que baseava a coligação – PTB na cabeça de chapa e PT como vice ainda na próxima eleição – caiu por terra. “O compromisso de honrar a palavra dada não é só nosso, se eles (o PT) estão impondo condições para honrar o combinado, caímos fora”, declarou. “Enquanto nós ficamos jurando fidelidade, deixando de apoiar outros candidatos como Heitor Schuch (PSB), fomos surpreendidos com a possibilidade deles só concorrerem a vice se for a Kelly a candidata do PTB”, reforçou.
“Com esse impasse o acordo existente entre os partidos foi para o lixo, zerou tudo”, pontuou o deputado. “Podemos até coligar de novo, mas vamos ter que sentar e combinar tudo outra vez”, concluiu.
NADA MUDOU
Ao final da tarde de ontem – dia que findou o prazo do diretório estadual do PT para as executivas municipais informarem em quais municípios seriam vices – o presidente Ari Thessing se mostrou tranqüilo. “Não há atrito, não há arranhões na coligação. Nada mudou. Foi apenas um malentendido”, pontuou. “Se conseguirmos vamos arrematar mais uns partidos para reforçar a coligação”, emendou ainda Thessing.