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Após 25 anos, Corinthians conquistou o tri estadual

Armador Mauro Pippi relembra vitórias sobre a Sogipa nas finais de 83 e 84

Tiago Mairo Garcia
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Equipe do Corinthians que sagrou-se campeã estadual em 1983. – Foto: Arquivo Pessoal/Rudimar Gehardt

Campeão estadual pela primeira vez em 1958, quando derrotou o Internacional, de Porto Alegre, o Corinthians, de Santa Cruz, amargou 25 anos de espera para soltar novamente o grito de campeão estadual por duas vezes consecutivas. Na quarta reportagem, o Riquezas do Nosso Basquete relembra as conquistas do bicampeonato estadual do tricolor obtida nos anos de 1983 e 1984, ambas contra a Sogipa, de Porto Alegre, dando início a uma histórica rivalidade na modalidade entre os dois tradicionais clubes.

O advogado Mauro Pippi da Rosa, 59 anos, que atualmente reside em Porto Alegre, foi o principal destaque do Corinthians na conquista dos dois títulos estaduais. Armador, o ex-jogador iniciou a carreira no Mackenzie, do Rio de Janeiro, em 1973, onde jogou até o primeiro ano de juvenil. Em 79, foi morar em Porto Alegre e jogou por Petrópole Tênis Clube e Internacional até chegar ao Corinthians para a disputa do estadual. “Em 1983, o Milio, Amilcar e eu fomos contratados para reforçar o ótimo time que o Corinthians já tinha, com vistas a tentar o título estadual esperado há 25 anos. Quem veio a Porto Alegre nos contratar foi o saudoso Vadinho, mas certamente com o apoio do Hiran, do Romario, do Betinho Gruendling e do Killi. A diretoria do Corinthians era ótima”, lembra.

Destaque tricolor, Mauro Pippi da Rosa relembra as duas conquistas. – Foto: Arquivo pessoal



Sobre a rotina de treinamentos, Mauro conta que ele, Amilcar e Milio treinavam duas vezes por semana no Ginásio da Brigada Militar, em Porto Alegre, e todas as quintas treinavam com o grupo de jogadores em Santa Cruz. “Saíamos de Porto Alegre por volta das 17 horas. Treinávamos com o time, tomávamos um banho, comíamos a espetacular à la minuta do Waldemar e voltávamos para Porto Alegre. As viagens semanais com o Amilcar e com Milio nos tornaram ainda mais amigos, verdadeiros irmãos”, conta.

No estadual de 83, o Corinthians enfrentou Grêmio, Ypiranga e Sogipa em dois turnos. No primeiro, a Sogipa venceu e no segundo, o Corinthians foi o campeão. Foi necessária a disputa de um jogo extra entre Corinthians e Sogipa, no Ginásio do Corinthians, que foi realizado no dia 21 de dezembro de 1983. Na final, com o “alçapão” lotado, o time de Santa Cruz do Sul fez um grande jogo e derrotou os porto-alegrenses por 80 x 53. O cestinha da partida foi Millio, com 23 pontos, e Mauro, com 20 pontos foi escolhido o melhor jogador. Ao final do jogo, os torcedores invadiram a quadra e comemoraram o título carregando os jogadores no colo. Mauro salienta que a conquista foi inesquecível. “A Sogipa tinha um timaço que era muito bom tecnicamente e muito forte fisicamente. Mas fizemos uma partida impecável. Nos superamos. Ganhamos por uma inimaginável diferença de 25 pontos. Eles não entenderam nada. A torcida foi fantástica. Fizemos uma festa sensacional”, lembra. O time campeão estadual em 83 foi formado com Piru, Mauro, Milio, Amilcar, Pepino, Candelária, Alex, Gilmar, Bola, Curt, Guli e Lauschner, time treinado por Luiz Swaroswisky, o Killi. A conquista credenciou o Corinthians para disputar pela primeira vez a Taça Brasil, que foi realizada somente em janeiro de 1985, quando o time santa-cruzense enfrentou Corinthians (SP), Francana (SP) e Unicamp (PE) na primeira fase.

BICAMPEÃO EM 84

Time do Corinthians venceu o estadual em 1984. – Foto: Arquivo Riovale Jornal

No ano seguinte, o Corinthians manteve a base campeã e se reforçou com os acréscimos de Heleno, Reginaldo, Marcio, João e Marcos Checheto. Por questões pessoais, Killi deixou o comando técnico e Juarez Franco, o Bola, assumiu como treinador da equipe.

Na preparação, a equipe santa-cruzense realizou vários jogos, participou de um torneio internacional na Argentina e realizou dois amistosos contra o Palmeiras, em São Paulo. Na fase decisiva do estadual, o Corinthians perdeu o primeiro turno para a Sogipa, em Rio Grande, e venceu o segundo turno contra os porto-alegrenses em Santa Cruz. Na terceira etapa, realizada em Porto Alegre, o Corinthians venceu por quatro pontos de diferença e trouxe a decisão do título para Santa Cruz. Novamente jogando em casa, o Corinthians dependia de uma vitória para confirmar o bicampeonato consecutivo e o tri-estadual.

Tido como melhor armador do Estado, Mauro teve uma atuação impecável na partida conforme trecho de matéria publicada pelo Riovale, em 8 de dezembro de 1984. “De suas jogadas saíram a organização do time, a retenção de bola e principalmente as bolas arremessadas com certeza, sendo responsável por 21 pontos para o Corinthians”. A reportagem indica que o jogador superou o cansaço para ser o destaque na partida vencida pelos santa-cruzenses por 77 x 69. Mauro recorda que a final foi decidida no detalhe e lembra o apoio da torcida. “Foi um jogo duríssimo do início ao fim. Podia dar qualquer um. Mas jogamos melhor nos momentos importantes e ganhamos por oito pontos, com grandes atuações do Alex, Amilcar, Candelária e Piru. E, é claro, com o fundamental apoio da torcida”, frisou. O time campeão de 84, comandado por Bola, foi formado com Mauro, Alex, Milio, Amilcar, Piru, Candelária, Pepino, Márcio, Marco, Reginaldo, João e Heleno.

Após ser campeão em Santa Cruz, Mauro jogou no Grêmio Náutico União, de Porto Alegre, em 85 e 86, voltou ao Corinthians em 87 e finalizou a carreira novamente no União, em 1988, de forma precoce, aos 28 anos. O ex-jogador destaca que viveu momentos marcantes em Santa Cruz, salientando a paixão da cidade pelo basquete. “Houve muitas histórias e muitos momentos marcantes. Mas o que mais me marcou foi a realização de viver e jogar num ambiente, num clube, numa comunidade tão apaixonada por basquete”.
Mauro destaca o trabalho da diretoria e que acompanhou a evolução do clube ano a ano. Em 1994, ele estava no Tesourinha como torcedor na final entre Corinthians x Franca. “Tinha muita gente boa trabalhando. E não posso aqui não citar os nomes do Romario, do Hiran e do Larralde. Estava visto que ia crescer, mas confesso que não imaginei que iria tão longe. Fui ao Tesourinha, torci e vibrei muito com o inédito título nacional”, lembra.

O ex-jogador destacou a sua alegria de ver o retorno do União Corinthians na disputa do nacional. “A cidade de Santa Cruz não pode ficar sem basquete. É muita tradição. É muita história. Santa Cruz é a nossa Franca”, fazendo referência à cidade de Franca, no interior de São Paulo, que teve o Franca, um dos grandes times de basquete dos anos 90. Mauro salientou a sua satisfação de ter jogado em Santa Cruz do Sul. “Foi uma honra ter jogado no Corinthians e me sinto um afortunado de ter participado das duas conquistas estaduais de 83 e 84. A relação com os jogadores, treinadores e dirigentes sempre muito legal e fiz ótimos amigos em Santa Cruz. Deixo um abraço a todos”, finalizou.