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Apogeu e queda

Em 2015, o futebol gaúcho celebra os 40 anos do seu primeiro título nacional. Quatro décadas atrás, o Internacional conquistava o Campeonato Brasileiro na célebre final contra o Cruzeiro, com “gol iluminado” de Figueroa e defesas milagrosas de Manga. Dizem por aí que “a queda inicia no apogeu”. Vinte anos atrás, li na revista Goool uma reportagem que tinha, entre seus entrevistados, o hoje falecido Cláudio Cabral. Ele foi um dos responsáveis pela estruturação do grande Inter da década de 70. Em 1969, Cabral, Ibsen Pinheiro e outros assumiram o clube no movimento chamado de “mandarins”.
Curiosamente, havia uma divisão naquele movimento. Entre os que defendiam o “futebol força”, estavam Ibsen e Cabral. Já os que preferiam um jogo mais leve e acadêmico, tinham em seus quadros o Hugo Amorim, hoje também falecido. Prevaleceu a ideia do “futebol força”. Em 1969, os “mandarins” conquistaram o que, segundo Cabral, não esperavam de imediato: o Campeonato Gaúcho, depois do heptacampeonato do Grêmio. O movimento dos “mandarins” governou o Inter até 1971, mas, conforme seus defensores, deixou uma base que determinou o sucesso do clube nos anos seguintes, culminando com a conquista do Brasileirão em 1975, 1976 e 1979, além do octacampeonato gaúcho entre 1969 e 1976.
 
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Segundo Cabral, a decadência do Inter nos anos 80 e 90 começou a partir do momento em que os “mandarins” deixaram o poder colorado. Eles acreditavam no sucesso de um time com jogadores fortes, altos e velozes, além da técnica, é claro. Enquanto o Inter conquistava o Brasileirão em 1975, a política dos “mandarins” já estava abandonada. Então, a ideia básica daquilo que deveria ser um jogador do Inter, estava deixada de lado. E aí, durante o apogeu, a queda iniciava silenciosamente. Vale dizer, é uma visão particular do Cláudio Cabral, até onde sei.
 
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Claro que existem outros capítulos nessa história. Dos tempos em que eu ouvia muitos programas esportivos, fiquei sabendo do que ocorreu nos bastidores da final entre Inter e Vasco, no tricampeonato colorado em 1979. Marcelo Feijó (também hoje falecido), então presidente do Inter, preocupou-se em defender o clube diante dos interesses cariocas, tudo para não perder o campeonato. Mas havia uma eleição no Inter na mesma época, e quem venceu foi um opositor político de Feijó: José Asmuz, que assumiu o Inter em 1980 e, no mesmo ano, vendeu Paulo Roberto Falcão para o Roma, da Itália. Falcão, um digno representante da ideologia “mandarim”. Em 6 de agosto de 1980, Falcão se despedia do clube. E o resto… O resto só se resolveu em 2006.
 
Nelson Treglia – interino