Ricardo Gais
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Janaina Carvalho Correia é mãe de dois filhos gêmeos, Arthur e Isabelly, de quatro anos e dois meses. No entanto, o pequeno Arthur nasceu com deficiência intelectual e não consegue realizar as atividades do dia a dia sem a ajuda dos pais. Eles são moradores de Santa Cruz do Sul, do Bairro Progresso. De família simples, mas o coração da mãe trasborda de amor e alegria junto aos filhos.
A mãe começa relatando sobre a gestação dos gêmeos que não foi fácil, pois ela tem pressão alta e tal situação foi o agravante para uma gravidez de risco. Janaina sofreu pré-eclâmpsia (pressão alta) durante a gestação, o que causou falta de oxigênio no cérebro de Arthur, motivo que o deixou com sequelas. A mãe conta que ele tem paralisia intelectual e possui dificuldades para se locomover, aprender, entender e realizar atividades comuns.
No início, após saber que o filho seria um garoto especial, a mãe relata que foram dias difíceis. Ela ficou se culpando e lamentando pelo que havia acontecido com seu filho e era complicado aceitar o que estava vivendo. “Nenhuma mãe quer ter um filho deficiente. Foi um choque quando descobri”, comenta. Janaina lembra que para não entrar em depressão, realizou tratamento junto a um psicólogo. “Eu não podia entrar em uma depressão, meu filho precisa de mim” completou.
A rotina da família mudou totalmente com a chegada dos gêmeos e com a atenção redobrada da mãe para com Arthur. Se iniciava para Janaina, dias de luta, superação e muito amor com os filhos. “O amor de mãe fala mais alto e eu sempre vou querer o melhor para meus filhos”.
O cuidado da mãe com o filho deficiente envolve muita paciência. Paciência esta que ela não tinha antes do nascimento dos gêmeos, mas que junto de seu marido Darci Kern, aprendeu a ter. “Eu faço todas as atividades na presença dos meus filhos, como cozinhar, lavar a casa e até na hora de descansar eles estão comigo”, relatou.
A mãe, duas vezes por semana, antes da paralisação das atividades da Apae em Santa Cruz, em virtude do novo coronavírus, levava Arthur para fazer fisioterapia e fonologia para que ele aprendesse a andar e a falar. O menino também faz reabilitação visual no Banco de Olhos em Porto Alegre, por possuir baixa visão. Tudo sempre bem acompanhado da mãe com o apoio de vizinhos e amigos, que ajudam quando necessário.
Quando Arthur e Isabelly começaram a frequentar a Emei Santo Antônio, localizada bem próximo de onde moram, a mãe no início temia a creche, pois tinha medo de que seu filho sofresse bullying e exclusão social por parte dos outros alunos. Com um grande sorriso no rosto ela conta que foi ao contrário do que imaginou e seu filho foi muito bem recebido pelos colegas e professores da instituição. Arthur é considerado o exemplo da turma, é muito participativo em todas as tarefas que são desenvolvidas, resultado que deixa Janaina muito feliz.
A mãe “coruja” acompanha tudo pelo WhatsApp, quando os filhos estão na aula, pois as professoras enviam para ela fotos e vídeos das atividades junto dos seus coleguinhas. “Eu chego a ficar com ciúmes de tão bem que tratam meu filho”, comenta a mãe. No momento ela passa o dia inteiro com os filhos, já que as aulas estão suspensas.
Para a mãe Janaina, tanto Arthur como Isabelly, representam mudança, força e a razão de viver. Seus filhos são um presente de Deus. Mostrando que a vida nem sempre é fácil, mas depende de nós para transformar cada dia em um dia feliz ao lado de quem se ama.