Tenho pra mim uma curiosidade enorme para entender e compreender como dividimos com tanta precisão o ontem, o agora e o amanhã. Sabemos que só temos esse momento do presente e que daqui uma fração de segundo já alcançamos o futuro. É doida essa pausa que nos damos de 24 horas para assegurarmos uma referência. Estamos sempre diante do acaso, do incompreensível e ao mesmo tempo entendemos e compreendemos o que se passou.
De uma maneira muito rudimentar, acreditamos que temos o domínio sobre tudo. O conhecimento que temos é fruto de um visionário do amanhã que mergulhou no passado para nos dar uma relação de presente e de futuro.
A história é uma coisa fantástica. Temos no presente a certeza de que a filosofia, a matemática, as artes, a medicina, a linguagem, o Big Ben comprovam que as horas passam e deixam marcas.
Nos dias de hoje, quando a ciência é veemente negada por alguns fanáticos, acreditar no que está registrado é um ato de ousadia. Explicar já é uma tarefa hercúlea (lembram dos 12 trabalhos de Hércules?) se não quase impossível.
Se eu contasse o que vem no futuro deste parágrafo há 10 anos, iriam me chamar de louco. Gente, o presidente da República correu atrás de uma ema mostrando uma embalagem do remédio cloroquina. Não é surreal? Mais, isso comprova que o tempo é absoluto e que mesmo isso houvesse acontecido no passado, não quer dizer que não vá se repetir no futuro. O que vem de Brasília desde 2019 pode ser difícil de acreditar, mas geralmente é verdade.
Outra maluquice é esta coisa do tempo meteorológico que se sustenta em uma semana com sol e calor esplendoroso e logo a seguir um frio de renguear cusco. E o tempo meteorológico é diferente de clima. O primeiro diz de um estado momentâneo. Já o segundo é algo duradouro. Mas isso não vem muito ao caso a não ser explicar que, naturalmente, fazemos essa confusão a todo momento.
E nessa fase da vida, quando já vivemos mais tempo do que outros mas ainda falta muito tempo para alcançarmos os de vidas muito longas, estamos sempre comemorando ou lastimando acontecimentos. De tempos em tempos marcamos as trajetórias por acontecimentos grandiosos no sentido de marcação e não de esplendor. Aniversários de nascimento, casamento, formatura, eram comuns até março deste ano. Depois que veio a pandemia, distanciando os contatos (que muitos não seguem como regra), mesmo que o espírito permaneça em seus acenos virtuais pelos diversos canais que a comunicação nos dá, ainda não é a mesma coisa que um abraço apertado.
Outro dia. estava caminhando pelas ruas do centro de Santa Cruz e notei que de tempos em tempos somos surpreendidos por algo. Ou é uma tipuana que deixa um de seus galhos ir para o chão, ou é o chão que está sendo removido para no futuro oferecer um passeio mais bonito no centro da cidade. Isso me faz pensar que desde que o mundo é mundo, as maiores interferências nas paisagens urbanas se dão nos centros das cidades, enquanto na periferia, faça sol ou faça chuva os problemas normalmente são os mesmos há tempos. Poeira e barro.
Daqui pouco mais de 100 dias, o tempo marca que estaremos escolhendo os vereadores e o prefeito de Santa Cruz do Sul e de todos os mais de 5 mil municípios brasileiros. Será um pleito com ares de futuro, com possíveis horários marcados para os mais velhos e de grupo de risco votarem e os demais em outro tempo previamente anunciado. O certo é que essa eleição será um acontecimento histórico. Esta será a vez de escolhermos quem irá administrar o município em tempos pós pandêmicos. É preciso muita atenção, pois não estaremos escolhendo quem fez, mas quem fará por nós. E não podemos errar, estamos sem tempo para arriscar.