Alyne Motta – [email protected]
Fascinado por música e pelo seu acordeon (ou a gaita, como os gaúchos chamam), Waldemar Soares Quintana toca desde os 14 anos. O aprendizado, segundo ele, aconteceu de forma natural, e permanece até hoje em sua vida. O hobby virou motivo para um encontro.
Na noite de hoje, 31 de março, a partir das 20h, acontece a segunda edição do Encontro de Gaiteiros, organizado por seu Quintana. A Cane, situada na Rua Dr. Edgar Mario Sperb, 143, no bairro Cohab, Universitário, é o local escolhido para realizar o encontro. A expectativa é de 300 pessoas.
Arquivo Pessoal
Waldemar Quintana e sua paixão: a gaita
O objetivo do encontro é incentivar os músicos, recordando os antigos e valorizando os novos nomes. “Precisava achar uma forma de não deixar este instrumento ficar perdido no tempo”, revela Quintana. A primeira edição aconteceu em 11 de março de 2011.
Aberto ao público, o evento não tem discriminação. “Todos estão convidados, sejam aqueles que tocam muito ou pouco a gaita, que sejam profissionais ou amadores, ou mesmo aqueles que só apreciam o instrumento”, afirma, de forma satisfeita, o idealizador do evento.
Com grande expectativa de sucesso, Quintana pretende reunir gaiteiros de toda a região. “Estamos realizando o evento em um espaço maior, oferecendo mais conforto para os presentes”, garante. No local haverá serviço de copa e cozinha, além da presença da Ervateira Santa Cruz.
Tendo Lídio Frantz como seu guia, Quintana pretende realizar o encontro enquanto puder colocar o pé no chão. “É uma causa que merece este meu esforço”, revela o gaiteiro, fascinado por gaita há 66 anos. “Tive outras profissões, mas a gaita sempre me acompanhou”, acrescenta.
A abertura do evento será com uma integração entre os gaiteiros. “Vamos tocar algumas músicas juntos, mostrando que não há distinção entre nós”, explica Quintana. Após a improvisação é o tema da noite. “Será uma grande tertúlia, com apresentações em grupo, em duplas e até sozinhas”, complementa o gaiteiro.
Durante a noite, haverá uma homenagem a Horácio João de Bairros, o tio Horácio, um dos grandes nomes da gaita, falecido no ano passado. “Ele sempre nos deu inspiração, nada mais justo do que fazer um tributo póstumo a esta pessoa de renome, que não está mais entre nós”, afirma Quintana.
Realizado de forma voluntária, o evento terá um show de bandoneon, interpretado por Avelino Mess, de 94 anos. Antecipadamente, Quintana agradece a presença de todos os que colaboraram com o evento, em especial ao professor Manuel José Malasquez, o Pepe, pelo incentivo e patrocínio.
O INSTRUMENTO
Divulgação
A preservação do acordeon, ou gaita, é o motivo do encontro de hoje
Acordeon, ou gaita, é um instrumento musical aerofone de origem alemã, composto por um fole, um diapasão e duas caixas harmônicas de madeira. O som é criado quando o ar que está no fole passa por entre duas pastilhas, que vibram mais grave ou agudo de acordo com a distância entre elas e seu tamanho.
Quanto mais forte o ar é forçado para as palhetas, mais intenso é o som. O ar é proveniente do fole, que é aberto ou fechado com o auxílio do braço esquerdo. A maioria dos acordeões tem quatro vozes, que são diferentes oitavas para uma mesma tecla ou botão.
No sul do Brasil o instrumento tem papel fundamental na música regionalista. O acordeon diatônico, por sua vez, é chamado de gaita-ponto, gaita-botoneira, gaita de botão ou simplesmente botoneira. Alguns acordeonistas, ou gaiteiros, conhecidos da região são Adelar Bertussi, Edson Dutra e Renato Borghetti.