Você já abriu um negócio e faliu? Já foi alvo do desemprego? Já “quebrou a cara” alguma vez na vida? E falaria publicamente sobre seus fracassos? Pois, mesmo que o ser humano só conte aos outros às vezes que “estourou a boca do balão”, em outubro, centenas de pessoas se reuniram em Porto Alegre, num “congresso de fracassados”, para compartilhar suas derrotas. A “FailCon” (“fail”, falhar e “con”, convenção), teve como objetivo fazer as pessoas abraçarem seus erros para chegar ao sucesso. “Parecia um encontro de Alcoólicos Anônimos”, confessou um dos participantes.
Falar sobre fracassos é um tabu. Não fomos preparados para assumir os erros e engolir as derrotas. E, quando não nos damos conta de que os tropeços contêm lições que nos empurram ao sucesso, achamos melhor apresentar a sociedade só o que será bem-aceito, camuflando o nosso lado feio. Daí temos receio de compartilhar nossas falhas, uma vez que isso revelará onde estão os nossos pontos fracos. É como alguém já disse: “Somos todos como a Lua: temos um lado escuro que não queremos que ninguém veja”.
O que precisamos nos dar conta é que o sucesso, na maioria das vezes, está associado a uma série de derrotas. Thomas Edison, por exemplo, foi expulso da escola porque não tinha capacidade de aprender. Steve Jobs foi demitido da própria empresa, a Apple. Elvis Presley foi aconselhado a voltar a dirigir caminhão, sua profissão anterior. Michael Jordan foi cortado do time de basquete na escola, devido a pouca estatura.
Se eu participasse da “FailCon” teria várias histórias pra contar. Uma delas foi aos 20 anos, quando eu jogava no Inter SM. Precisávamos vencer o Glória de Vacaria para ir às finais do Gauchão. A Baixada Melancólica lotada era o cenário perfeito para deixar minha marca para sempre. De repente, num bate-rebate, a bola “sobrou” livre na frente da área. Olhei para o goleiro que vinha como um pitbull em minha direção e tentei encobri-lo. Não me pergunte aonde ela foi parar. Só lembro de ter “pipocado”, ser substituído ainda no primeiro tempo, sair me arrastando para o vestiário em meio às vaias da torcida e ter dado a pior entrevista da minha vida: “Hoje não é meu dia!”. Ao chegar em casa, pisoteei a fita do jogo fazendo-a em caquinhos. Mas isso não me fez desistir. Eu abracei meu erro e continuei minha carreira futebolística.
E você, já passou por alguma situação semelhante?