A independência do Brasil e a Revolução Farroupilha são comemoradas em setembro, o que torna este mês bastante pródigo no resgate da memória brasileira e gaúcha. As duas datas, dias 7 e 20, ao serem comemoradas de forma separada, passam a impressão de serem eventos desconectados.
Em 7 de setembro de 1822, Dom Pedro declarou a independência brasileira em relação a Portugal, o que configurou o início oficial do Império no Brasil. O que caracteriza um “império”? Basicamente, o domínio de um núcleo sobre outras partes, e essa dominação acontece, muitas vezes, com o uso de violência.
Antes e depois da independência, havia vários “Brasis”. O governo central no Rio de Janeiro era o núcleo que mantinha uma unidade caracterizada, na verdade, por significativa fragmentação. Assim se colocava, em termos básicos, a estrutura do Império brasileiro. Um desses “Brasis” era o que conhecemos hoje como Rio Grande do Sul.
A partir do 7 de setembro, passa a acontecer um processo tão ou mais complexo que o da independência: a consolidação do Estado imperial brasileiro. Processo este marcado por muita violência. Em 20 de setembro de 1835, foi deflagrada a Revolução Farroupilha, dando origem à República Rio-Grandense, o que reforça a ideia de fragmentação e a existência de vários “Brasis”. Além do Rio Grande, outros movimentos anti-imperiais foram realizados em regiões brasileiras. E o Império, após sangrentos combates, manteve a unidade do Brasil, consolidando o Estado imperial e ajudando a construir o que hoje conhecemos como nosso país.
Infelizmente, a construção da nação brasileira se deu através da violência, e não é algo a ser comemorado. Por isso, a declaração da independência, por mais idealizada que nos seja contada, está ligada a acontecimentos pouco inspiradores. É essencial dizer: a violência aconteceu antes (exemplo: a Inconfidência Mineira) e depois da independência (como é o caso da Revolução Farroupilha). Triste, porém verdadeiro.