Ricardo Gais
[email protected]
No jogo de volta da grande final da Segunda Divisão, realizado no domingo, 4, a partida já começou com a obrigação do Futebol Clube Santa Cruz fazer gols, pois perdeu o primeiro jogo para o Gaúcho por 2 a 0. A final emocionante, que tomava forma no Estádio dos Plátanos, em Santa Cruz do Sul, terminou de forma aguerrida para o time da casa, que aplicou o placar de 4 a 2 no tempo normal com um jogador a menos em campo. A partida finalizou com empate no placar agregado, foi para as penalidades máximas e o Galo venceu por 3 a 2.
O jogo começou com poucas chances de gols, mas foi evoluindo. Aos 24 minutos ocorreu a expulsão do zagueiro e capitão do Santa Cruz, Luis Henrique, que levou cartão vermelho após falta forte em Mauricio. O zagueiro já havia sido advertido com amarelo na partida.
O Galo seguiu a partida com um jogador a menos, sendo necessário o técnico Wiliam Campos mexer no time. Na substituição saiu o volante Ben-Hur para entrada do zagueiro Kevlin, que fez o primeiro gol da partida abrindo o placar para o Santa Cruz, após um rebote de escanteio. A partir de então, o Galo via a conquista do título cada vez mais perto, bastava mais um gol para empatar o mata-mata e levar a partida aos pênaltis.
O Gaúcho aproveitava os contra-ataques para tentar colocar a bola em rede, mas um pênalti foi marcado ao seu favor após Almeida ser derrubado na área. A cobrança foi convertida por Luan que com categoria empatou o jogo em 1 a 1.
O show da virada para o Galo ocorreu com o atleta Leylon, que saiu do banco para colocar seu nome na história do clube, já no segundo tempo. Nos minutos iniciais da etapa complementar, o time Carijó tomou o segundo gol. O Santa Cruz então precisava marcar mais três gols para tentar algo nos pênaltis. E deu certo. O volante Leylon empatou a partida aos cinco minutos do segundo tempo, marcou o gol da virada aos oito e ampliou aos 11 minutos. Fim da partida com placar de 4 a 2, sendo no agregado empate em 4 a 4, levando a grande decisão da Segunda Divisão aos pênaltis.
Na disputa final o goleiro Diego fez duas grandes defesas. Mas antes disso, Pepeto errou uma cobrança. O Galo ergueu a taça após o jogo terminar em 3 a 2 para o Santa Cruz.
O título da Segunda Divisão, conquistado de forma heroica e histórica, foi o primeiro estadual a ser erguido dentro do Estádio dos Plátanos. Há quase sete meses, em 22 de dezembro de 2020, o Santa Cruz sagrou-se campeão da Copa FGF – Troféu Ibsen Pinheiro, contra o São José, no Estádio Francisco Noveletto Neto, em Porto Alegre. Sendo a primeira vez que o clube conquistava um título estadual.
Leylon: “Deus é quem fez tudo isso”
Com direito a hat-trick, o volante Leylon deu um show de gols nos Plátanos. Ele contou que está muito feliz pelo momento do clube e é grato por tudo que está acontecendo. “A gente ainda está tentando assimilar o que aconteceu e se tentar explicar não vamos conseguir. Deus é quem fez tudo isso na minha vida e na vida do pessoal do Galo, que teve o trabalho coroado com todo o profissionalismo que foi feito, da forma que encarraram a competição. Montaram um baita time e o sentimento dessa conquista é do conjunto que foi formado junto com a direção, comissão e jogadores muito bons. Eu pude fazer três gols para ajudar, e no final fomos coroados com o título. Fazer história em um clube como o Santa Cruz, gigante de muita torcida, com o pessoal apaixonado pelo clube, é gratificante. Estou muito feliz pelo momento de poder ajudar o Santa Cruz a conquistar esse título”.
Objetivo alcançado
O técnico com espírito de campeão, William Campos, que começou no Santa Cruz como auxiliar em 2019 e depois foi chamado para ser técnico, enfatizou que esse título é para colocar o nome na história do clube. “Tivemos a grande conquista em 2020 do primeiro título para o clube (Copa FGF) que nos respaldou para este ano e a gente pôde concluir com sucesso essa caminhada. Sempre colocamos que esse era o grande objetivo do clube e conseguimos fazer nessa final dois grandes jogos”, pontuou. “Na campanha da Segunda Divisão, o Galo em 14 jogos empatou dois, perdeu um e teve 11 vitórias”.
Ele também salientou que o trabalho já iniciou em 25 de janeiro, no qual o Santa Cruz disputou a Copa do Brasil e uma Recopa Gaúcha. “Isso nos trouxe muito fortes para esse momento que concluímos com sucesso e fechamos com chave de ouro.”
Campos enfatizou que não há palavras para descrever a conquista e que o time chegou muito forte, não só na parte física e técnica, mas também mentalmente. “Os atletas mostraram isso e mesmo com um a menos, a organização fez um bom trabalho. Entramos já sabendo que precisávamos fazer dois gols e sabíamos que tínhamos os 90 minutos para construir isso. O grupo mostrou maturidade e organização”.
A partida ocorreu dentro do esperado. “Com todas as dificuldades tomamos a virada e com um a menos conseguimos buscar a vitória. Por isso que o futebol é apaixonante, não tem nada certo”, destacou Wiliam.
Campos agora vai treinar o Guarany, de Venâncio Aires, para a disputa da Divisão de Acesso 2021. Sobre voltar no ano que vem ao Galo, ele disse: “Se tiver a oportunidade para voltar ao Santa Cruz, me sentiria muito feliz”.
Uma emoção gigante
Do torcedor solitário, em um jogo disputado entre Santa Cruz e Grêmio em 2012 pelo Campeonato Gaúcho, a presidente campeão com seu clube, em duas oportunidades. Para Tiago Rech, “nem o melhor roteirista de Hollywood teria imaginado um jogo como o de domingo. Estava muito feliz e realizado já com a conquista do Acesso, nosso grande objetivo do ano, mas levantar aquela taça foi uma emoção gigante. Ainda mais por contar com a presença do meu pai no estádio, a pessoa que sempre esteve ao meu lado enquanto presidente. Foi incrível!” comemorou.
Ele destaca que o título representa a coroação de um trabalho de excelência que inicia no zelador, na funcionária da cozinha, diretoria, no departamento de futebol, comissão técnica, atletas, torcida, conselheiros e patrocinadores. “Uma união nunca antes vista na história do Santa Cruz”, enfatizou.