Início Opinião A Seleção Brasileira de 1994 – Parte final

A Seleção Brasileira de 1994 – Parte final

Na primeira parte deste artigo, começamos uma análise da Seleção Brasileira de 1994, tetracampeã mundial de futebol. O Brasil do técnico Parreira e do coordenador Zagallo, jogava no 4-4-2: Taffarel no gol; Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Branco (4); Mauro Silva, Dunga, Mazinho e Zinho (4); Bebeto e Romário (2). Na vitória contra a Holanda (3 a 2) nas quartas de final, o Brasil jogou à risca no 4-4-2, com duas linhas de quatro jogadores e com Bebeto e Romário na frente, contra o 3-4-3 da Holanda.

Contra o 4-4-2 da Suécia na semifinal, como o Brasil se comportou taticamente? Para marcar os dois atacantes suecos (Dahlin e Kennet Andersson), precisava ser construída uma sobra. O volante Mauro Silva, especialmente quando o Brasil partia para o ataque, colocava-se como um terceiro zagueiro e ficava centralizado como líbero (entre os zagueiros Aldair e Márcio Santos).

Como o Brasil tinha três zagueiros (3), os laterais Jorginho e Branco avançavam e se tornavam alas, indo de encontro aos meias suecos, que jogavam abertos. Os meias Mazinho e Zinho combatiam os laterais suecos e, no setor do meio-campo, ajudavam Dunga, que era, naquela situação, o articulador central da Seleção Brasileira. Portanto, Jorginho, Dunga, Mazinho, Zinho e Branco (5) formavam um quinteto de meio-campo.

No ataque, Bebeto e Romário (2) se movimentavam bastante e ambos buscavam o jogo na meia, pois o Brasil não tinha um jogador definido nesse setor. Bebeto, algumas vezes, descia para a ponta, encarando um lateral sueco.

O Brasil, em uma espécie de 3-5-2, venceu a Suécia por 1 a 0 (gol de Romário) e classificou-se para a final, onde seria tetracampeão mundial contra a Itália (0 a 0 em 120 minutos e vitória brasileira por 3 a 2 nos pênaltis).

Esse desenho tático brasileiro, variando entre 4-4-2 e 3-5-2, pôde ser visto no Flamengo campeão da Libertadores em 2019. A função de volante/líbero, executada em 1994 por Mauro Silva na Seleção, foi realizada por Willian Arão no Flamengo. O segundo volante rubro-negro, Gérson, foi o articulador central do Flamengo campeão da América, função executada por Dunga na Seleção. Enfim, as características de alguns jogadores são diferentes, mas o desenho tático do Brasil 1994 e do Flamengo 2019 é muito semelhante.

De fato, o trabalho tático de Parreira na Seleção é algo que merece ser destacado. As variações da equipe brasileira, foram um aspecto importante no enfrentamento de adversários diferentes. Isto foi decisivo para a conquista da Copa do Mundo.

Nelson Treglia – Jornalista