O fim da História, com a globalização e o neoliberalismo, foi colocado em pauta no final do século 20, após o fim da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. Tratava-se de uma tendência que indicava a predominância do capitalismo e do espectro da direita como um todo. Porém, no século 21, há exemplos evidentes que apontam ainda para uma divisão significativa entre esquerda e direita.
No Brasil, temos um exemplo claro disso, com uma polarização que ganhou força nos últimos 20 anos. Há quem defenda um abrandamento dessa rivalidade, na tentativa de estabelecer a ideia de um País “unido”. Seria muito bom que o Brasil caminhasse para um rumo de pacificação, mas sabemos que não é algo simples de resolver, na medida em que a sociedade humana se caracteriza pelo contraditório e pelo conflito de ideias.
O debate político, abastecido pela contrariedade, é normal. Não podemos deixar que a violência substitua o debate, não podemos permitir violência física ou verbal. Alguém deve ter a liberdade para dizer, por exemplo: “A economia soviética fracassou, pois não levou em conta a relevância dos bens de consumo”. Outra pessoa pode dizer, no sentido contrário: “A União Soviética possuía um sistema de saúde universal, algo que deve servir de exemplo”.
Enfim, a variedade de opiniões deve ser considerada para construirmos uma realidade melhor. Vilanizar esquerda ou direita, é maniqueísmo. Se alguém é de esquerda ou de direita, essa pessoa é, sobretudo, um ser humano. A própria divisão entre esquerda e direita é uma parte importante não só da política, mas também da cultura humana. Afinal, a política é parte da nossa cultura, como um todo.