Dom Canísio Klaus*
No domingo, dia 30 de setembro, a Igreja Católica celebra o Dia da Bíblia. A data faz memória de São Jerônimo, que viveu no século IV e fez a primeira tradução da Bíblia para o latim, que era a língua oficial do Império Romano. É esta tradução, conhecida como Vulgata, que serviu de base para a Bíblia da Igreja Católica ao longo dos séculos. Ao afirmar que “ignorar as Escrituras é ignorar Jesus Cristo”, São Jerônimo desafiou os cristãos a se aprofundarem na leitura e no estudo da Bíblia. Por isso, no Vaticano II, os bispos conciliares pediam que a Sagrada Escritura se transformasse na “alma da Teologia” (Dei Verbum, 24).
Na Exortação Apostólica “Verbum Domini”, Bento XVI mostra a importância da Bíblia na vida do cristão, recordando a afirmação de São Jerônimo de que “a palavra da Escritura, o ensinamento de Deus, é verdadeiramente o corpo de Cristo e o seu sangue”. São Jerônimo questiona: “Quando vamos receber a eucaristia, se cair uma migalha sentimo-nos perdidos. E, quando nos é derramada nos ouvidos a Palavra de Deus que é carne de Cristo e seu sangue, se nos distraímos com outra coisa, não incorremos em grande perigo” (VD nº 56)?
No entender da Igreja, “na redação dos livros sagrados Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo Ele próprio neles e por eles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele próprio quisesse” (DV 178). São Paulo diz que “toda Escritura é inspirada por Deus e útil para instruir, para refutar, para corrigir, para educar na justiça: a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para toda boa obra” (2 Tim 3,16-17).
O modo correto de se fazer a leitura da Bíblia é no silêncio da oração, deixando que o Espírito Santo nos guie, uma vez que “não podemos chegar a compreender a Escritura sem a ajuda do Espírito Santo que a inspirou” (São Jerônimo). Por isso a Igreja propõe a Leitura Orante da Bíblia, “que é verdadeiramente capaz não só de desvendar ao fiel o tesouro da Palavra de Deus, mas também de criar o encontro com Cristo, Palavra divina viva” (VD 86).
Convido, pois, aos padres, diáconos, ministros e demais lideranças das comunidades a que facilitem o acesso do povo à Sagrada Escritura. Às famílias peço que reservem um lugar especial para a Bíblia em suas casas. A todos, junto com Bento XVI, “expresso o vivo desejo de que floresça uma nova estação de maior amor pela Sagrada Escritura, de modo que, a partir da sua leitura orante e fiel no tempo, se aprofunde a ligação com a própria pessoa de Jesus” (VD 72).
Maria Santíssima, que “acolheu no seu ventre o Verbo de Deus para O dar ao mundo” nos ajude a acolher a Palavra de Deus no dia a dia da nossa vida!
*Bispo Diocesano