Preocupada com as mais de duas dezenas de mortes trágicas que ocorreram em Cachoeira esse ano, a Igreja Católica resolveu realizar o painel “Mortes violentas na região”. O objetivo do debate é abordar o assunto com a sociedade em busca de saídas para diminuir o número de mortes. Os jovens receberam um convite especial.
Eu, humildemente, tomei a liberdade de sugerir um tema para o debate: a overdose de ketchup que jorra na TV e o rio de sangue virtual dos jogos de computador e videogame fazem com que a violência ganhe ares de naturalidade?
Foi-se o tempo em que as programações dos canais de televisão eram educativas e inocentes. Hoje, muitos programas de TV e jogos de computador e videogame estão saturados de agressão e sangue. Quer exemplos? Nos filmes “O Albergue” e “Jogos Mortais”, o ketchup jorra sem piedade. No game “GTA”, para vencer, é preciso roubar carros, traficar drogas e matar policiais. A violência se tornou entretenimento!
Um grupo de Professores e alunos de universidades norte-americanas passou 2.500 horas assistindo a 2.693 programas transmitidos pelas redes de televisão e constatou que 57% deles exibiam cenas que podem ser classificadas de violentas. A conclusão do estudo é que a violência tem entrado nos lares sem pedir licença e se tornado um canal de entretenimento para toda a família. E pior: a exposição frequente a cenas de violência (reais ou de ficção) têm levado o telespectador a encará-la com naturalidade e estimulado as pessoas a reagir com agressividade, aumentando assim, o grau de tensão social.
No livro “Estudar pode ser uma festa”, eu relatei a história de Michael Carneal, que no dia 1 de dezembro de 1997, com 14 anos de idade, roubou uma arma, entrou numa sala de aula e atirou em oito crianças, no estado de Kentucky (EUA). O fato que deixou todos de “queixo caído” é que o garoto, que jamais tinha usado uma arma, disparou oito tiros e, pasme, acertou as oito vezes (cinco na cabeça e três no peito). Que precisão, não acha? Mas como Maichel foi capaz de tal proeza? Treinando. É isso aí! Treinando em videogames. Foram milhares de horas praticando nas lan houses, “matando” virtualmente pessoas todos os dias.
Histórias como essa nos fazem acreditar que o pontapé inicial para diminuir a violência é evitar que os jovens sejam superexpostos a programas violentos. Quanto menos “ketchup”, melhor.