A origem dos Festejos Farroupilhas em terras germânicas
Alyne Motta – [email protected]
Antes mesmo de ser criada a Festa Nacional do Fumo (Fenaf) em 1966 e, posteriormente, a Oktoberfest, que exaltam as tradições germânicas, deixadas pelos imigrantes alemães que povoaram o município, a cultura gaúcha já tinha fincado pé e o fogo neste chão.
O tradicionalismo santa-cruzense começou por volta de 1955, com a realização do programa “Coxilha do Rio Grande”, produzido por Valdomiro Schiling e transmitido aos domingos. Com uma grande audiência, transformou-se programa de auditório e ganhou a parceria de Euclides Pereira Soares.
Grande conhecedor da causa tradicionalista, mostrou-se entusiasmado com o sucesso que o programa vinha tendo, foi responsável por fundar, em 26 de setembro de 1956, o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Tropeiros da Amizade, junto com Rolf Bartholomay, Antônio Brito e outros tradicionalistas.
Sendo o primeiro patrão da entidade recém fundada, Euclides criou o programa de rádio “Grande Rodeio da Tradição”, com responsabilidades do próprio CTG. Precursora no município, a entidade também criou, em 1960, o primeiro jornal tradicionalista de Santa Cruz do Sul, “O Tropeiro”.
No ano seguinte, novas entidades foram surgindo, como o CTG Rincão da Alegria em 6 de março e, meses depois, o CTG Lanceiros de Santa Cruz em 5 de agosto. Tempos depois, em 11 de maio de 1966, o CTG Estância Alegre juntou-se à causa tradicionalista do município.
SEMANA FARROUPILHA
A primeira edição aconteceu em 1966, organizada e sustentada pelas quatro entidades existentes em Santa Cruz do Sul. As atividades ocorreram em plena Praça Getúlio Vargas, nos moldes de um grande acampamento, onde causou um grande espanto para a comunidade.
O povo santa-cruzense não estava acostumado a ver, em pleno centro, homens de bombachas e mulheres com vestidos de prendas, tomando chimarrão e valorizando as culturas nativas do Rio Grande do Sul. Depois do primeiro passo dado, a Semana Farroupilha passou a ser realizada anualmente.
Diversos lugares abrigaram os Festejos Farroupilhas no município, como o Parque da Oktoberfest e o Parque de Eventos, um local criado através da mobilização da comunidade tradicionalista, que reclamava que não possuía um local digno para realização de seus eventos.
Este ano, a Comissão Organizadora decidiu que as atividades não serão centralizadas em um determinado local. Para o presidente, João Norberto Lacerda, somente foi atendido um pedido, antigo, das entidades tradicionalistas. “Cada um pode fazer suas atividades, usando seu próprio espaço”, declarou.
Porém, o Parque de Eventos não será esquecido. A Associação Tradicionalista Santa-Cruzense (ATS) vai realizar atividades lá, em parceria com todos os associados. Eventos campeiros, artísticos, bailes, almoços e jantares serão realizados em alguns dias para que toda comunidade participe.
DIA 20 DE SETEMBRO
As comemorações da Revolução Farroupilha – o mais longo e um dos mais significativos movimentos de revoltas civis brasileiros, envolvendo em suas lutas os mais diversos segmentos sociais – relembra a Guerra dos Farrapos contra o Império, de 1835 a 1845.
O Marco Inicial ocorreu no amanhecer de 20 de setembro de 1835. Naquele dia, liderando homens armados, Gomes Jardim e Onofre Pires entraram em Porto Alegre pela Ponte da Azenha. A data e o fato ficaram registrados na história dos sul-rio-grandenses como o início da Revolução Farroupilha.
Nesse movimento revolucionário, que teve duração de cerca de dez anos com batalhas sangrentas e mostrava como pano de fundo os ideais liberais, federalistas e republicanos, foi proclamada a República Rio-Grandense, instalando-se na cidade de Piratini a sua capital.
As comemorações dos Festejos Farroupilhas, que até o ano de 1994, restringiam-se ao ponto facultativo nas repartições públicas estaduais e ao feriado municipal em algumas cidades do Rio Grande do Sul, ganharam mais um incentivo a partir do ano 1995.
Definido pela Constituição Estadual como a data magna do Estado, o dia 20 de setembro passou a ser feriado. O decreto estadual 36.180/95, amparado na lei federal 9.093/95, de autoria do deputado federal Jarbas Lima, especifica que “a data magna fixada em lei pelos estados federados é feriado civil”.