PT, PSOL, PCdoB não foram a posse de Bolsonaro, PSB e PDT liberaram seus deputados e senadores. Estar todos/as na posse, era um ato de resistência, porque não resistiremos faltando, a resistência só pode acontecer na presença, no “olho a olho”, por mais duro que isso possa ser.
Preciso dizer que essa é uma decisão que de fato, corresponde ao que “as esquerdas” (esquerda e centro-esquerda) vem fazendo nesse último período no Brasil. Andam ausentes, se juntando aqui e acolá, pra fazer alguns barulhinhos, cuidando de seus “nichos” eleitorais, “pregando para convertidos”, sem maiores interlocuções com os movimentos sociais, entidades de classe, associativas, etc. Prova disso, é a chegada de alguém do naipe de Bolsonaro a presidência da república, alguém sem história, sem ir a nenhum debate, sem articular três frases conexas, sem partido (o PSL praticamente não existia).
Bolsonaro venceu as eleições de outubro e assim, é o presidente do Brasil (por mais surreal que isso possa parecer). Com todas as críticas que temos em relação as deturpações via fake News e o nível baixíssimo de sua campanha, foi eleito pela maioria sim. Ah mas e as abstenções nulos e brancos? Quem se abstém não decide, portanto, perde a chance de se manifestar para aquela situação – ficam AUSENTES da escolha, “passam a bola”, “terceirizam a decisão”. Por isso não ir a posse, deixar de estar lá, pra assistirem eretos/as, olhando no olho de Bolsonaro, seria uma ato de PRESENÇA, de Resistência. E Resistência requer presença.
Estar na posse era dizer, “Estamos aqui”! “Seremos oposição e olhe bem pra nós”! “O senhor e os seus/suas não vão correr sozinho”! “Fomos eleitos por quem é a antítese do que tu pensa”! “Nos respeite”! Seriam 135 deputados/as federais também legitimamente eleitos/as e 12 senadores/as se mostrando ao novo mandatário do país, representando quem os elegeu. Porque sim, elegemos esses/as parlamentares para ESTAREM LÁ, independente do que acontecesse nas urnas. Mais uma vez em seus gabinetes, decidiram que estariam AUSENTES, enquanto nós não temos esse “privilégio” da não presença no dia a dia de um governo que começa tirando R$8,00 do salário mínimo.
Em quantos outros momentos marcantes da vida política nacional, a oposição vai faltar, vai democraticamente estar AUSENTE? A Democracia não pode ser interesseira, de ocasião, como é pra Bolsonaro e sua turma. Nosso senso democrata não pode valer só quando a gente ganha ou quando nossas ideias triunfam. Não há democracia sem o contraditório, no pensamento único. Na posse de Bolsonaro, ele nem precisou “varrer a oposição”, ela não foi. A Ausência é sempre duvidosa, é desconfiante. Quem discutiu no jogo anterior e não volta pro próximo jogo, fica de fora da turma. Aquele/a que faltou à aula perdeu o debate. O/a amigo/a que não te visitou não sabe como tu estava. O/a guri/a que não foi ao encontro, perdeu a possibilidade do namoro. É assim, não construímos na AUSÊNCIA.
Só é permitido a Ausência na posse de Bolsonaro, de Chico Mendes, Marielle Franco, Pe. Josimo, Manuel Monteiro, Vladimir Herzog, Frei Caneca, Margarida Alves, Dom Helder, Paulo Freire, Leonel Brizola, Mateus Schmidt, Miguel Arraes, João Amazonas e tantos/as outros/as que lutaram por um país mais justo e LIVRE – Mas esses ESTAVAM LÁ – em ideias e ideais, em Oposição ao Bolsonaro e tudo o que ele representa, porque esses nunca faltaram. Por um 2019 de PRESENÇAS, de Permanências e de Resistência Presente.
*João Paulo Reis Costa – Historiador.