Estamos sempre em constante mudança menos a própria mudança, já descobriu o filósofo cheio da grana Heráclito. Naquela época, antes de Sócrates, o mundo ainda não tinha tudo o que temos hoje. Para escrever as suas descobertas, o filósofo fazia uso de lâminas de ouro onde escrevia frase curtas. Naquela Grécia, o celular não havia chegado e o whatsapp não tinha como ser usado para enviar as mensagens importantes para o planeta inteiro.
A partir do século passado, com a globalização, tornamo-nos muito próximos – o que é moda nos EUA chega exatamente no mesmo instante no Japão, na Alemanha, no Brasil. Só o iPhone chega antes no imaginário popular, vista que as pré vendas nas lojas Apple são muito concorridas, formando filas nas principais stores espalhadas pelo planeta.
Volto pela mesma rota e finco os pés em Santa Cruz do Sul onde a transformação é uma constante. A cidade, que antigamente pertencia ao território de Rio Pardo cresceu, emancipou-se e hoje é essa potência regional que desfrutamos. Aqui tem abundância em muitos setores. É um local rico se comparado à grande maioria das cidades do país. Temos infraestrutura robusta, vocação empreendedora, uma universidade engajada na comunidade que é a Unisc e uma perspectiva de atingir um patamar ainda mais destacado no futuro.
Entretanto, para chegarmos no futuro, temos o dever de superar essa pandemia que nos ameaça desde o início de março (Santa Cruz e região) e que nos coloca em resguardo para que estanque o número de infectados e com isso consigamos ter leitos em UTIs e corpo médico descansado para atender caso seja necessário.
Preocupado em evitar o pior, estamos vendo que o poder público municipal tem se esmerado em baixar decretos muito justos, permitindo algumas flexibilizações, mas também impondo condições, como o de andarmos pelas ruas usando a máscara protetora na face, cobrindo nariz e boca.
Esta semana, observando pela janela da minha casa, vi que as pessoas circulam, caminham, correm, andam de bicicleta, passeiam com seus pimpolhos, sem nenhuma proteção. Ainda sobre isso, leio no facebook, principalmente, que em alguns lugares existem reuniões com convidados para churrascos, umas cervejadas maravilhosas, beijos e abraços gentis e fraternos.
Essa “facilidade” em descumprir com uma regra que é posta para proteger não só a mim ou aos meus familiares e amigos, que cumprem com a determinação, mas para proteger o infrator que se acha super homem ou mulher fantástica, deveria ter exemplos de punições. É importante para a educação e o convívio social que o regramento seja idêntico para um quanto para o outro. Discordar disso é um direito, mas esse direito não se sobrepõe ao coletivo.
Quero crer que para a nossa compreensão de empatia, quando nos colocamos no lugar do outro para entender os seus motivos ou intenções é preciso fazer valer um momento como este e mesmo estando em constante movimento, precisamos entender que essa contínua mudança é imprescindível e temporária.
Se evoluímos e conseguimos ter o dinheiro para desfrutar de um iPhone 11, por exemplo, é porque conseguimos enfrentar alguns pequenos males, a não ser, claro, que se tenha nascido com uma saúde fantástica ou em berço de ouro como o referido Heráclito, e não precisarmos trabalhar para seguirmos a vida. Se cada um de nós fizer a parte que nos cabe, poderemos logo sair dessa e nos reunirmos em comemoração, continuar a caminhada e, quem sabe, nos presentearmos com a possibilidade de ajudarmos Santa Cruz ser ainda maior do que já é e com pessoas que sirvam de exemplo para a humanidade.