Contar histórias é uma marca do ser humano. Quem não lembra de ter ouvido algo que lhe chamou atenção vindo do avô, da vó, do pai, mãe, etc? Os livros trazem histórias fabulosas, reais ou imaginárias e nós amamos. O cinema, a tv, os veículos informativos em geral contam histórias.
Jornalistas são os grandes contadores da realidade. Entram em nossas casas, sentam ao redor de nossas mesas e começam a nos mostrar o que está acontecendo no planeta, nas capitais, as tragédias, as conquistas esportivas, científicas, as novas canções. Tudo é contado no detalhe possível. Daí, naturalmente, aquilo que nos agrada ou que nos chama atenção, passamos adiante. É normal nos reunirmos com amigos e familiares e contarmos as nossas histórias em cima daquelas que nos foram contadas e nem sempre ou quase nunca, elas são as mesmas. A história se transforma de acordo com quem a conta e é interpretada de formas diversas e únicas por quem a recebe.
O levar a história adiante depende de uma série de fatores ambientais, sociais, econômicos, políticos, religiosos. A narrativa quando nos chega é assimilada de acordo com os nossos conceitos e isso pode ser de extrema valia ou desastroso. Um religioso possivelmente interpreta uma informação de acordo com os dogmas e isso faz com que valorize o fato de uma forma diferente de um ateu? Possivelmente, sim.
Quando os veículos informam a respeito da guerra Rússia – Ucrânia, fazem com uma interpretação ocidental, em cima de uma visão capitaneada pelos Estados Unidos da América (do Norte) e todas as demais nações do bloco aliado. Contam aquilo que é preciso ser propagado.
As sanções impostas à Rússia, não são, nem de longe, comparáveis às sanções que os EUA não tiveram quando invadiram o Iraque ou o Afeganistão. É desproporcional o fato, mas quando a história nos chega, ela vem carregada de nuances que nos fazem aceitar que essa é a maneira correta de se assistir o acontecimento.
São muito raras as pessoas que buscam outras histórias a respeito de um mesmo fato para tirarem suas próprias conclusões. Num espaço como esse, não é possível esclarecer os acontecimentos seculares que fazem parte dessas narrativas e nem mesmo classificar as mais recentes. De certo, penso, é que não existem mocinhos que irão beijar as moças do salão depois do duelo na frente do lugar.
A história da Ucrânia tem relações históricas de traições e de fascismo e de neonazismo mais recentemente. A Rússia tem interesses territoriais para proteção de um inimigo maior que quer se instalar próximo às suas fronteiras. Nessa história, existe uma enormidade de outras que se sobrepõem à mais recente.
O paradoxal é que já se começa a grenalização sobre o tema, com os que estão em maioria assimilando as histórias que lhes são contadas aplaudindo a Ucrânia e execrando os russos e de outra parte uma minoria que tenta se aprofundar no assunto.
O que irá acontecer é uma incógnita. Existem manifestações de que o presidente russo tem planos expansionistas e pode alastrar a conquista além das fronteiras do inimigo atual. Outros pensam que é “só” uma questão econômica. Mas isso é uma outra ficção futurista. Do amanhã, só sabemos que é domingo, mas não temos nenhuma certeza de que estaremos vivos para assistirmos ao Fantástico. Vamos esperar.
A minha história em relação a esse acontecimento, é que nenhuma guerra vale um tiro. Se houver um disparo é só o início de grandes tragédias e o prenúncio de muitas outras histórias a serem narradas. Quero contar as que nos trazem alegria, que fazem sorrir uma criança, que façam renascer a esperança. A melhor guerra é sempre a que não aconteceu.