As histórias em quadrinhos não são muito consideradas quando o assunto é literatura. Entretanto, ao longo dos anos, grandes obras foram lançadas, colocando as HQs no ponto mais alto do desenvolvimento artístico. O escritor inglês Alan Moore é um dos expoentes dos quadrinhos, desde os anos 80. De forma profunda e complexa, Moore é responsável pelo roteiro de ‘graphic novels’ brilhantes como ‘Watchmen’ e ‘V de Vingança’.
Outro escritor destacado dos quadrinhos é o escocês Grant Morrison. Procurando responder ao tom crítico de Alan Moore em relação aos super-heróis, Morrison lançou várias obras interessantes. ‘All-Star Superman’, por exemplo, é uma ode ao Super-Homem. Nessa história, a paz de espírito do personagem poderia nos remeter facilmente ao Buda. ‘All-Star’ dedica uma pequena passagem a Nietzsche, filósofo que, no século 19, anunciava a chegada do Super-Homem.
Mas, ao mesmo tempo em que homenageia Nietzsche, Morrison contraria a ideia ‘nietzscheana’ que aponta a “morte de Deus”. Segundo ‘All-Star Superman’, Deus existe e ele é… o Super-Homem. Em um dos tantos momentos de epifania que caracterizam Grant Morrison, o escritor escocês nos coloca em uma situação inusitada: o Super-Homem é o nosso Criador.
‘All-Star Superman’ é repleto de momentos grandiosos. A liberação da mulher acontece quando Lois Lane se torna a… “Super-Mulher” (não há apenas Deus, e sim Deus e Deusa, o que nos leva, de alguma forma, a Adão e Eva). Momentos de doçura infantil, com o Planeta Bizarro, nos rememoram os velhos desenhos animados (você, criança dos anos 70 e 80, deve ter assistido a algum episódio de Superamigos). ‘All-Star Superman’ é um deleite literário, uma obra merecidamente lembrada por seus leitores.