Sempre fui entusiasta da nova ordem mundial a partir da perspectiva do mundo sem fronteiras, da globalização das comunicações, da facilidade de nos deslocarmos de um continente para outro em poucos horas, realidade que concretamente passei a viver desde 1989, quando ganhei bolsa para conhecer o sistema educacional alemão e vivi dois meses na Alemanha, hospedado por professores e amigos, inclusive com convite do governo da então Alemanha Oriental, comunista, durante quatro dias.
Foi uma experiência incrível para a época e cuja memória estou recuperando agora, principalmente com fotografias e áudios, já que não havia filmadora na época, lamentavelmente.
Evoluímos fantasticamente desde então e nos tornamos aldeia global, nos conectamos através de equipamentos cada vez menores, até chegarmos aos smartfones, que cabem hoje na palma da mão.
Com a chegada dos recursos que facilitam conexão instantânea com qualquer lugar do mundo, achávamos que éramos reis do universo, disparando mensagens a todo momento, pelo simples fato de que era só escrever e enviar. Isto nos transformou em pessoas pouco cuidadosas com o conteúdo, a ponto de nossas palavras caírem em descrédito. Me lembrei das sábias palavras de Friedrich Nietzsche: “Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar”.
Participo de diversos grupos e estou muito frustrado com o conteúdo veiculado diariamente, pelas futilidades com que as pessoas se ocupam. Entristece-me esta realidade, porque parece que a internet deu, como alguém já disse, vez e voz a muito imbecil.
É hora, portanto, de rever procedimentos, sob a pena de que venhamos a pagar um preço muito alto pela nossa insensatez e, talvez, a pandemia faça parte da reação da mãe-natureza para ajudar-nos a voltar ao que era antes.