Alyne Motta – [email protected]
Amante do jornalismo, José Renato da Silva Freitas Andrade Ribeiro, ou Zé Renato, como é conhecido, descobriu uma nova paixão. A arte de ser escritor. Não que antes não praticasse esta arte, é que agora passa a integrar o hall dos escritores com livros publicados.
A estreia acontece no dia 07 de dezembro, no Samurai Café (Júlio de Castilhos, 184). Antes disso, hoje, 01 de dezembro, às 15h, no mesmo local, acontece a última edição deste ano do encontro “Sobre Livros e Leituras” e o novo escritor tem uma participação mais que especial, sendo o convidado principal.
Realizado no mezanino do Samurai Café, o encontro “Sobre Livros e Leituras” acontece mensalmente, reunindo pessoas que tenham interesse em leitura e, em especial, a literatura. Nesta ocasião, Zé Renato faz um pré-lançamento da obra “171 – a lebre e o farolete”, publicado pela Editora Multifoco.
Arquivo Pessoal
Os crimes pela visão de um jornalista
A PUBLICAÇÃO
Com 10 anos de rádio, atuando na área investigativa e policial, José Renato Ribeiro sempre ficou fascinado por golpes. Conforme ele, os casos chamavam a atenção. “É um crime muito diferente, onde somente a palavra é usada”, explica o jornalista, que guardava numa pasta todos os casos.
“Certa vez voltei a rever os arquivos e me dei conta de que, todo material que eu tinha, daria para montar o livro”, relembra o mais novo escritor, radicado em Santa Cruz do Sul há vários anos. E assim surgiu a primeira edição, de uma série composta por três obras.
Arquivo Pessoal
José Renato Ribeiro estreia como escritor e lança seu primeiro livro
A ideia central é abordar os casos de estelionato no Vale do Rio Pardo, a partir da sua experiência como repórter na área policial. “O livro é o resultado do meu trabalho jornalístico com uma década de registros”, comenta José Renato Ribeiro. As demais obras devem abordar o Conto do Bilhete e os golpes tecnológicos.
Zé Renato compara a experiência com um triângulo. “Em um dos vértices está o golpista. Em outro, a vítima. E no terceiro está a ambição da vítima, decisiva para que o golpe tenha sucesso”, afirma ele, explicando que as histórias reúnem ilusões, promessas e atuações ensaiadas.
“Enfim, todas as artimanhas próprias do estelionato. Menos armas de fogo”, acrescenta o jornalista, declarando que o responsável por puxar o gatilho não é o criminoso. É sim, a própria vítima. “É o desejo de ambição que leva uma pessoa a cair nos golpes. Se usassem somente a razão, ele não aconteceria”, garante.
LEBRE E FAROLETE
O nome da obra refere-se a dois casos. O “171” é o número do artigo referente ao crime de estelionato no código penal brasileiro. Já o farolete refere-se a forma de caçar uma lebre. “Tão importante quanto o rifle é o farolete utilizado pelo atirador. A arma dispara. Mas antes do tiro, a luz ofusca e fascina a presa”, comenta Zé Renato.
Mais do que contar casos, o livro deixa questões no ar. “Pergunto-me, várias vezes, o que afinal leva pessoas – inclusive instruídas e informadas – caírem nos contos?”, indaga o autor. Segundo seus registros, o jornalista afirma que a emoção sempre supera a razão.
Divulgação/RJ
Autor compara as vítimas a uma lebre caçada com um farolete, que fica imobilizada ao deparar-se com a situação
“Não importa o absurdo da história criada pelo golpista: a lebre (ou a vítima) acredita estar prestes a obter vantagem e que o melhor ponto geográfico em todo o planeta é justamente a mercê do golpista”, revela Zé Renato, acrescentando que, racionalmente, ninguém cairia na situação.
Mais do que contar casos reais, em situações que o próprio golpista confessa que cometeu o crime, José Renato espera que o livro sirva para alerta, mas também reflexão sobre o instinto humano, que nos divide em raposas e lebres. Caça e caçado. Golpista e vítima.