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A boate que o seu filho frequenta é segura?

Na esteira da máxima “porta arrombada, tranca de ferro”, após a tragédia da boate Kiss a semana foi marcada pelo fechamento de centenas de casas noturnas pelo país afora. Aqui na Serra os bombeiros fizeram uma varredura e vários locais foram interditados. Em Caxias apenas 76 estão com o PPCI em dia. Os outros 277 apresentaram irregularidades.

Infelizmente foi preciso que 238 jovens morressem para que a inspeção em boates e danceterias fosse intensificada. Até a presidente Dilma abriu os olhos para a sinistra combinação de descaso e negligência dos órgãos fiscalizadores e proprietários e exigiu uma lei que regularize as casas noturnas. Porém, entre os pais permanece o anseio: saber se a boate que os filhos frequentam é segura.

Quem foi jovem na década de 1980 vai se lembrar das reuniões dançantes. Quando o discotecário (não existia ainda a expressão DJ) soltava um som lento do tipo “Baby Can I Hold You” da Tracy Chapman ou “If Ou’re Not Here (by my side)” dos Menudos (voltou no tempo?) a moçada se jogava na pista e dançava juntinho, agarradinho, de rosto colado. Quantos leitores dessa coluna devem ter dado o primeiro beijo na boca numa reunião dançante (quando a mãe da garota não estava olhando, é claro!)? Quem sabe até conheceram sua cara-metade ao som romântico de “Don´t Look Back” do The Korgis ou “Yes” do Tim Moore? Bons tempos aqueles! Nossos pais sabiam que estávamos em segurança.

Hoje o escuro faz parte da iluminação. Meu filho Sergi é vocalista de uma banda. Ano passado eu fui assistir ele cantar numa boate aqui em Caxias. Logo de cara estranhei o ambiente trevoso. Não se enxergava um palmo diante do nariz. A casa estava cheia e mal dava para se mexer. O som alto fazia com que os jovens dançassem tresloucadamente. Não me lembro de ter visto saídas de emergência, nem extintores de incêndio. No meu tempo de UFSM, em Santa Maria, os estudantes chamavam esses lugares de “inferninhos”.

O certo é que naquela noite tive uma pequena amostra de como são as boates que meu filho frequenta. E depois do incidente de Santa Maria tenho a impressão que, se as autoridades continuarem fazendo vistas grossas às casas noturnas que não atendem os critérios de segurança, nossos filhos continuarão com mais sorte do que juízo. Fica o alerta!