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A beleza da tática

A beleza da tática

O aspecto tático do futebol nem sempre agrada ao público e mesmo (ou principalmente) aos jornalistas esportivos (uma parcela deles, claro). Lembro que, quando mais jovem, cheguei a ser um tanto obsessivo nesta questão, mas, depois, me acalmei em relação ao tema. Não custa retomar um pouco esta reflexão. Domingo passado, o Brasil venceu o Chile por 1 a 0 em amistoso realizado na Inglaterra. A seleção chilena, treinada pelo argentino Jorge Sampaoli, possui um bonito e organizado padrão tático. Vê-lo em campo, mesmo que pela televisão, é bacana.
Contra o Brasil, o Chile apresentou uma composição de três defensores. À frente deles, uma linha de quatro médios (dois alas e dois volantes, um deles o colorado Aránguiz), linha esta que, por vezes, ganha um quinto elemento. Mais à frente, dois jogadores, entre eles o atacante Alexis Sánchez, ex-Barcelona e atualmente no Arsenal.
Essa organização facilita o toque de bola, pois sempre há um jogador próximo para receber a esférica. Um padrão tático bonito, somado a um toque de bola qualificado, é agradável de ver. Careceu de profundidade nas jogadas ofensivas, aspecto que se reforçou com a planificação tática defensiva colocada pelo técnico Dunga. Mesmo assim, o Chile apresentou linhas bem distribuídas e organizadas, com posse de bola. Não deixa de ser algo interessante sob o ponto de vista estético.
 
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Por falar em tática, sempre lembro de um grande jogo, a final da Liga dos Campeões de 1998, entre Juventus e Real Madrid. Dois times muito fortes, e a partida parecia um jogo de xadrez. As partículas de um e outro time se encaixavam umas com as outras no enfrentamento (acho que Sebastião Lazaroni, técnico do Brasil na Copa de 1990, usava o termo “partículas” no lugar de “jogadores” – engraçado, no mínimo -, mas ele não fazia isso o tempo todo, vamos reconhecer).
E destaco novamente o time que perdeu o jogo, neste caso a Juventus, derrotada por 1 a 0. O Real Madrid, depois de 32 anos de jejum na Liga, conquistava o seu sétimo título europeu. A princípio, a Juventus jogava no 4-3-1-2, mas o esquema variava para um 3-5-2 (ou 3-4-1-2, o número “1” era simplesmente o meia Zinedine Zidane, que fazia a ligação entre os volantes e os atacantes do time italiano).
A Juventus era treinada por Marcello Lippi, que levou o time ao título europeu em 1996 e ao vice-campeonato em 1997 (portanto, seria bivice em 1998). Na final contra o Real Madrid, o lateral-direito fazia, por vezes, o terceiro zagueiro. Um dos volantes se apresentava, em alguns momentos, como ala pela direita. O lateral-esquerdo virava, por vezes, um ala pela esquerda. Sempre é bom lembrar: no 3-5-2, não há laterais, e sim alas, que não compõem a defesa, e sim o meio-campo. A tática é interessante.
 
Nelson Treglia – Interino