Nelson Treglia
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Metalúrgico, um trabalhador que participa de forma muito ativa na economia e na política do país. No dia 21 de abril, a homenagem especial é realizada a este profissional que possui uma história marcante na trajetória brasileira e mundial. A data foi escolhida devido a Tiradentes, líder e mártir da Inconfidência Mineira, que faleceu em 21 de abril de 1792, executado pela Coroa Portuguesa. Tiradentes havia se rebelado contra as imposições da Coroa, que, à época, mantinha o Brasil como uma colônia.
Entre outras profissões que desempenhou, Joaquim José da Silva Xavier era ferreiro, e por isso, é identificado dentro da atividade metalúrgica. Joaquim José, o Tiradentes, acabou sendo um precursor das lutas sindicais dos metalúrgicos no Brasil, que vêm sendo realizadas com muita força desde o século 20. Segundo texto publicado no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), metalurgia “é o trabalho de extrair e manipular os metais a partir dos seus minérios. Hoje em dia, a grande produção metalúrgica é proveniente das grandes indústrias”.
Em sua história mais recente, especialmente nas últimas décadas do século 20, o Brasil chegou a uma posição preponderante na metalurgia, entre os dez maiores produtores de aço do mundo. O sindicalismo em torno desta atividade é de grande destaque no país, com uma tradição que remonta à década de 1930. Foi nessa época que nasceu o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A sigla “ABC” corresponde a três municípios paulistas: Santo André, São Bernardo e São Caetano.
O sindicato reivindicava melhores salários e condições de trabalho para os operários e, no período de guerras, se posicionava conforme seus preceitos ideológicos de esquerda. Era contra o nazismo e o fascismo de Adolf Hitler e Benito Mussolini durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Além disso, mostrou-se favorável aos operários da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), um conflito demarcadamente caracterizado pela dualidade esquerda-direita, no qual a esquerda saiu derrotada, abrindo espaço para a ditadura de direita liderada por Francisco Franco, que governou a Espanha entre 1939 e 1975.
Com a Ditadura Militar no Brasil, o Sindicato do ABC conquistou uma evidência muito significativa no final da década de 70, tornando-se uma força contrária à Ditadura (o governo militar caracterizava-se pela sua formação de direita, oposta aos preceitos do sindicalismo do ABC paulista). Grandes greves e mobilizações foram empreendidas naquela época, de onde emergiu a figura de Luiz Inácio Lula da Silva, líder do Sindicato do ABC, que a partir daí construiu sua trajetória política, hoje considerada bastante controversa. O então metalúrgico seria posteriormente candidato à Presidência da República em 1989, 1994, 1998, 2002 e 2006, vencendo as duas últimas, e governando o Brasil entre 2003 e 2010.
Devido ao envolvimento em casos de corrupção, a trajetória política de Lula é bastante discutida e divisiva. Enquanto a carreira de Lula foi alavancada e depois muito criticada, o sindicalismo dos metalúrgicos manteve suas mobilizações ao longo dos anos. Em 1992, por exemplo, ele foi favorável ao impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Atualmente, algumas das mobilizações giram em torno dos direitos da mulher, dos direitos trabalhistas, da alfabetização, da aposentadoria e da previdência social.
Não há como negar a participação ativa dos metalúrgicos na sociedade em suas transformações e nos momentos de rompimento e reconstrução.