Santa Cruz do Sul está entre as três cidades gaúchas indicadas pelo governo do estado para receber importantes reconhecimentos do Ministério da Saúde: a Certificação de Eliminação da Transmissão Vertical do HIV e o Selo Bronze de Boas Práticas Rumo à Eliminação da Transmissão Vertical da Sífilis Congênita. Para avaliar os serviços prestados e o cumprimento das metas estabelecidas, o município recebeu nesta terça e quarta-feira, 22 e 23, uma equipe de seis profissionais dos governos estadual e federal, que realizaram visitas técnicas em diversos serviços de saúde. A operação teve início com uma reunião realizada na manhã de terça-feira, 22, no auditório do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest).
No estado, buscam as certificações também Caxias do Sul e Sapucaia do Sul. As indicações de municípios com condições de concorrer foram feitas com base em um levantamento anterior do governo estadual. Segundo a coordenadora do Centro Municipal de Atendimento à Sorologia (Cemas), enfermeira Micila Chielle, Santa Cruz do Sul foi apontada por apresentar bons indicadores. “Estamos dentro de um padrão considerado elevado de trabalho. Temos uma rede de saúde bem estruturada, ampla, tanto na atenção primária quanto nos serviços especializados, uma vigilância epidemiológica forte, com equipes completas, bem organizadas”, analisa. Obter estas certificações seria um importante reconhecimento da qualidade dos serviços prestados pela rede de saúde do município. “Ainda não sabemos se seremos premiados, mas temos condições para isso, devido ao trabalho que viemos realizando”, afirma Micila.
No município, a transmissão vertical – quando a doença passa da mãe para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação – de HIV não teve nenhum caso identificado nos últimos anos. O mesmo não ocorre com a sífilis congênita, pois, apesar dos avanços, este tipo de transmissão ainda é considerada alta na cidade e vários desafios precisam ser superados. Conforme a cirurgiã-dentista Denise Henriqson, que integra o grupo de planejamento da Secretaria Municipal da Saúde, o diagnóstico precoce das duas doenças, especialmente em gestantes, é essencial. Além disso, é fundamental testar e tratar os parceiros o quanto antes após a descoberta das infecções.
“As repercussões da sífilis congênita são muito graves. Essa doença é absolutamente evitável, passível de eliminação, porém, muito desafiadora, uma vez que seu tratamento não é muito longo e, assim, a gestante se cura, mas acaba muitas vezes se reinfectando. No caso do HIV, o tratamento é contínuo, muito mais controlado. Então, para ocorrer a transmissão vertical, é possível se a mãe se infectar pelo HIV enquanto amamenta. E é aí que se destaca a importância de a testagem ser muito mais ampliada, ao longo da vida, especialmente das mães nutrizes”, explica Denise.
Conforme o secretário de Saúde Fabiano Dupont, as indicações do Governo do Estado são um importante reconhecimento ao empenho da Administração Municipal no atendimento à saúde da população. “Combater a transmissão congênita da sífilis e do HIV é um trabalho muito importante, que inclui a prevenção, informando a população sobre os riscos das doenças. Também preciso destacar o tratamento que vem sendo prestado às pessoas acometidas por essas enfermidades, com atendimento humano e acolhedor”, pontua.
Avaliação dos indicadores
Os procedimentos de análise dos indicadores municipais começaram no primeiro semestre deste ano, quando a Secretaria Municipal de Saúde elaborou um relatório de validação com diversos dados. Esse documento foi analisado por representantes da Secretaria Estadual da Saúde e do Ministério da Saúde. Todas as equipes na linha do cuidado materno-infantil, desde os postos de saúde, passando pela atenção especializada – programas Bem-Me-Quer e Primeira Infância Melhor -, até a maternidade do Hospital Santa Cruz, que é a referência SUS, incluindo laboratórios e exames, responderam questionários. Também foram feitas várias reuniões com a rede de serviços SUS em uma ação de educação permanente.
Nesta etapa final, a equipe de avaliação veio conferir na prática o que foi apresentado no relatório. Durante os dois dias de visitas, foram visitados laboratórios privados que realizam testes em parceria com o SUS, postos de saúde que atendem gestantes, o Cemas, Centros de Referência em Assistência Social, Vigilância Epidemiológica, o Hospital Santa Cruz, o Consultório na Rua e programas municipais envolvidos na prevenção, combate e tratamento do HIV e da sífilis. Após as visitas a todos os municípios concorrentes, os dados serão analisados e os resultados divulgados. A previsão é que a decisão final seja anunciada já em novembro.