Sucesso é a palavra que define mais uma edição da Feira de Ciências – Inovação e Sustentabilidade da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Nessa quinta-feira, 24, estudantes e professores de escolas da educação básica das regiões do Vales dos Rios Pardo e Jacuí-Centro e do Litoral apresentaram seus trabalhos no salão de estudos da Biblioteca Central. O evento recebeu 177 propostas, das quais 103 foram selecionadas para a fase da apresentação presencial e remota.
A professora Cláudia Mendes Mählmann, coordenadora-geral da Feira, exalta que, a cada ano, o número de projetos inscritos só aumenta, cumprindo o objetivo do evento, que é envolver ao máximo a educação. “Nós temos um limite, que são os 100 trabalhos, mas este ano nós passamos um pouco. Na verdade é um limite que vem da chamada do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), na qual temos apoio financeiro para realização do evento. Tivemos 177 trabalhos submetidos; ano passado foram 147. É quase 20% de aumento do número de trabalhos e, mesmo assim, a qualidade permanece, o que é muito importante, não é só a quantidade”, enfatizou. “Trabalhos lindíssimos foram apresentados, todos muito bons. Eles passaram por uma seleção inicial e, mesmo os que não foram selecionados para apresentação, são trabalhos com muita qualidade.”
Mesmo sendo recém a quarta edição, a Feira de Ciências já é um evento significativo para a Unisc e comunidade de Santa Cruz do Sul e região. “Ele faz o que a Universidade se propõe: a Unisc é comunitária e o que nós temos aqui é a comunidade. Temos estudantes e professores de vários municípios do Rio Grande do Sul, professores que estão com equipes do Litoral. Então, envolve a comunidade em que a Unisc está inserida, promovendo a pesquisa e a educação”, reiterou Cláudia.
Auxílio às pessoas cegas
Um exemplo de participação é dos estudantes do turno oposto da Escola Municipal Santo Antônio de Pádua, de Mato Leitão. Quéren Assis Kroth e Matheus Casimiro da Costa apresentaram o trabalho “Ecoguia: dispositivo de locomoção para pessoas cegas em uma caminhada mais segura”, com orientação da professora Fabíola Griesang. A dupla desenvolveu a ideia durante as aulas de Robótica e fizeram a programação.
“Desde o começo, tivemos a ideia de fazer algo que ajudasse as pessoas com deficiência. Um dos nossos objetivos mais importantes é promover a inclusão, facilitando assim a interação com o mundo afora, promovendo a conscientização sobre suas dificuldades. Queremos melhorar a sua locomoção, tendo uma caminhada mais segura e acessível”, enfatizaram.
O projeto consiste em um dispositivo instalado na bengala que emite sinais sonoros quando o usuário chega próximo de um obstáculo. Os apitos soam de uma forma com 1 metro de distância e de outra, mais freqüente, a 50 centímetros do objeto. “O nosso projeto ainda está em andamento. Pretendemos realizar testes e entrevistas com pessoas cegas para saber melhor sobre o funcionamento do protótipo.”
Espaço para desenvolvimento da autonomia
Dentre as inúmeras apresentações, além de estudantes, diversos foram os professores que circularam pela Feira de Ciências da Unisc e acompanharam os jovens. “Eventos como este são ambientes onde os estudantes podem desenvolver a sua capacidade autônoma. Eles escolhem temas, problemas, buscam soluções, é um ambiente em que conseguimos possibilitar o avanço científico além dos laboratórios, é aquela curiosidade em resolver problemas”, enfatizou o coordenador pedagógico do 5º ano ao ensino médio do Instituto Sinodal Imigrante, de Vera Cruz, Moisés Tonelli.
A escola vera-cruzense foi à Feira de Ciências com quatro projetos, sendo dois com foco na agricultura e dois na indústria têxtil. O trabalho “Consumo consciente aplicado a resíduos têxteis” enfocou os benefícios do consumo consciente para o planeta. Ele tem como principal questionamento o porquê é ambientalmente correto essa prática no mundo.
“A resposta é simples: porque com isso teremos uma vida mais sustentável e sem poluição. Escolhemos pesquisar e aprofundar nossos conhecimentos sobre o consumo consciente porque entendemos que, através de práticas diárias em casa, na cidade ou na comunidade, da reciclagem ou da reutilização de materiais, podemos diminuir os impactos ambientais da Terra e ajudar as gerações futuras a partir da sustentabilidade”, explicou o grupo de estudantes do 7º ano formado por Amanda Helena Konzen, Amanda Nicole Kretzmann, Fernanda Maiara Vieira, Isabeli Eduarda Theisen, Luísa Wagner Ruhoff, com orientação da professora Sicléia Maus.
No projeto, as jovens utilizaram a técnica chamada de “upcycling”, que permite reutilizar peças para produzir novos objetos. Tem como objetivo oferecer um desenvolvimento sustentável e diminuir o descarte na indústria da moda. “Fizemos bolsas, saias e luvas a partir de calças jeans que seriam descartadas. Também fizemos ecobags a partir de roupas usadas. Os resultados indicam que reutilizar produtos que seriam imediatamente descartados é uma forma de sustentabilidade ao alcance de qualquer pessoa e pode trazer benefícios ambientais, sociais e econômicos.”