Início Geral Rio Grande do Sul vive uma corrente de solidariedade

Rio Grande do Sul vive uma corrente de solidariedade

No céu de Santa Cruz, a todo momento, escuta-se o barulho das aeronaves sobrevoando e trazendo alento para os desabrigados

Foto: Mariana Cunha
Aeronave, de Santa Bárbara, traz itens de higiene
pessoal da base aérea de Santa Maria para nosso município

Ana Souza
[email protected]

A maior da história do Brasil, assim está sendo a enchente que assola todo o Rio Grande do Sul. Desde 1941, não havia ocorrido algo semelhante. Foi entre os meses de abril e maio, assim como o que aconteceu este ano. O ocorrido foi registrado há 80 anos atrás na capital do Estado, Porto Alegre, que passaria por mais uma enchente histórica, na mesma data em 8 de maio.
Em Santa Cruz do Sul, a chuva de granizo na tarde de um sábado, dia 27 de abril, seria tipo um anúncio do que viria e que jamais ninguém imaginaria. E apenas dois dias depois, no dia 29 de abril, a enxurrada veio com força total. A tragédia história atingiu os moradores do bairro várzea e a água invadiu as casas. O caos se instalou por toda a região do Vale do Rio Pardo, Sinimbu virou um cenário de guerra.
A chuva ainda assusta, dados ainda mostram o caos mas, em meio à tudo isso algo surge de forma ainda mais forte: a solidariedade. Aqueles que mais precisam estão vendo pela frente várias mãos estendidas para ajudar. Pessoas desconhecidas, de repente, tornaram-se muito próximas e, em um verdadeiro trabalho de formiguinhas, a ajuda humanitária chega. Vem pela água com os botes, barcos, jet skis; por terra com comboios de caminhões com suprimentos e também pelos ares, com as aeronaves resgatando os desabrigados e também levando pessoas que precisam de ajuda na parte da saúde.
Por todos os cantos do Brasil uma corrente do bem se formou, mostrando que a vida renasce em meio à esta imensa calamidade. Um renascimento que quem está lutando diariamente para que tudo isso passe. E neste momento surgem os heróis sem capa. Eles que não medem esforços e não descansam um só minuto para ver tudo isso acabar.

FAZER O BEM


Em Santa Cruz o Pavilhão Central transformou-se em um local para a doação destinada aos desabrigados e foi lá que conversamos com os jovens Lucas Raposo, do 2º Ano do Ensino Médio, e Keyla Rafat, do 3º ano do EM, ambos da Escola Educar-se.
Lucas participa como voluntário pela primeira vez. “Minha família é de Bagé mas, pessoas próximas em cidades perto de Santa Cruz foram atingidas pela enchente. A casa dos avós de uma amiga minha tiveram a casa levada pela enxurrada. Eu tive que sair da minha casa por risco de desabamento, pois moro no Belvedere”.
Keyla já havia participado de uma ação voluntária. Ela é presidente do Grêmio Estudantil João Carlos de Mello (Gejocam), assim como Lucas faz parte também. “Era uma proposta da escola, através do Uniama da Unisc. Uma atividade com pessoas idosas, também trabalhei com os turnos infantis da Educar-se. Tenho família em Santa Cruz e está tudo certo, mas tenho parentes em Porto Alegre tiveram alagamentos.
Conforme os estudantes foi idealizada uma campanha de doações através da escola. Foi realizada uma parceria com o Grupo do Bem e os estudantes da Educar-se. Durante o período em que as aulas estavam paradas, eles foram trabalhar como voluntários junto ao Pavilhão Central, local das doações. Com a volta das aulas reuniram mais pessoas para poder auxiliar. “Ajudar a quem precisa é estar bem consigo mesmo e pensar nos outros, independente do tempo que for preciso. Elas perderam tudo. Todos nós participamos de uma sociedade e se conseguimos fazer algo para ajudar se torna essencial!”
Keyla enfatiza que é de uma doação pequena que se faz o bem. “Pessoas chegam com uma sacola e acham que é pouco mas, o que vale é a o se doar e auxiliar neste momento difícil. Estamos aqui por todos! Se fóssemos nós alojados nos pavilhões, iríamos torcer para que tivéssemos ajuda também!”

Foto: Ana Souza
Keyla e Lucas, alunos da Educarse estão como voluntários

A ajuda vem de todos os recantos

O coração fala mais alto e o desejo de não ficar de braços cruzados aumenta. Em diversos pontos de Santa Cruz do Sul estão sendo feitas arrecadações. No CTG Rincão da Alegria, cenário de ensaio das invernadas, agora está tomado de mantimentos para as famílias de desabrigados. Um trabalho em parceria com a Associação de Proteção à Vida (Aprovi), com apoio das Formiguinhas da Juju, as Roxinhas e integrantes da comunidade. “A comunidade realmente está nos ajudando. Arrecadamos alimentos, água, roupas, fraldas, material de limpeza e de higiene pessoal. Também realizamos uma campanha do pix para a compra de colchões. Já conseguimos comprar mais de 100 colchões de solteiro e de casal. Muito trabalho haverá pela frente, muitas pessoas ainda irão precisar de ajuda. Será uma reconstrução. Queremos fazer uma campanha de móveis, roupas de cama e edredons. A comunidade está engajada. Já auxiliamos Santa Cruz e as cidades vizinhas de Vera Cruz, Alto Rio Pequeno em Sinimbu e Venâncio Aires. Já mandamos colchões para Sinimbu, Rio Pardo, além de Santa Cruz! O CTG está sendo um grande parceiro fornecendo marmitas para o QG central no Parque da Oktoberfest. Uma verdadeira corrente do bem! São famílias ajudando famílias”

Foto: Ana Souza
Aprovi, com as integrantes, faz a diferença ao arrecadar as doações