Pesquisa realizada por meio do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Promoção da Saúde (PPGPS) da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) objetivou estudar a epidemiologia de crianças e adolescentes de Santa Cruz do Sul relacionada a parâmetros cardiometabólicos. A pesquisa é resultado da tese da doutoranda Letícia Welser, sob orientação da professora Cézane Priscila Reuter e coorientação da professora Jane Dagmar Pollo Renner, ambas da Unisc, com colaboração estrangeira de Karin Allor Pfeiffer, de Michigan, nos Estados Unidos.
Entre os achados dos estudos realizados, foi verificada uma tendência ascendente nos valores da pressão arterial diastólica (o menor valor encontrado durante a verificação de pressão arterial) de 2004 a 2017. Ainda, que os estudantes que apresentaram índices elevados de obesidade abdominal apresentaram também maiores valores de pressão arterial sistólica ( o maior valor verificado durante a aferição de pressão arterial) e diastólica, independentemente do nível de aptidão cardiorrespiratória.
No segundo estudo, em que foi realizada uma revisão da literatura, pode-se observar que fatores relacionados ao desenvolvimento da hipertensão foram variados, mas foi possível verificar que a obesidade e, também, a circunferência da cintura, o percentual de gordura, a relação cintura estatura, o perfil lipídico e o histórico familiar de hipertensão foram os fatores que mais se relacionaram.
O terceiro artigo, que foi um estudo transversal, com uma amostra de 1.038 estudantes, mostrou que houve uma relação estatisticamente relevante entre a aptidão cardiorrespiratória, a gordura abdominal e a pressão arterial. O destaque foi para os estudantes que tiveram medidas maiores de circunferência abdominal e que também eram os que tinham maior pressão arterial, independente do condicionamento físico.
E, por fim, no último estudo, a doutoranda explorou variáveis do sangue, como colesterol total, triglicerídeos, glicose, relacionado com um índice de imuno-inflamação (SIII) composto por um cálculo envolvendo neutrófilos, linfócitos, e plaquetas, e também medidas antropométricas, como o índice de massa corporal (IMC), e a circunferência da cintura (CC), buscando avaliar uma possível associação com a pressão arterial dois anos após. Ela concluiu que os fatores antropométricos (medida das dimensões físicas de uma pessoa), SIII e variáveis do sangue aumentam o risco de hipertensão sistêmica após dois anos de acompanhamento.
“Estes resultados reforçam a necessidade do desenvolvimento de estratégias de saúde que visem otimizar a qualidade de vida desses indivíduos no ambiente escolar, a fim de educar, promover a saúde e prevenir agravos, regredindo e distanciando os efeitos sistêmicos silenciosos e deletérios à saúde cardiovascular associados ao sobrepeso/obesidade e aos altos níveis pressóricos nesta população”, conclui a doutora.